O Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou neste dia 18 de novembro novos dados confirmando o aumento em 29,5% do desmatamento na Amazônia no período de agosto de 2018 a julho de 2019, atingindo uma área de 9.762 km². Trata-se do pior percentual de aumento em duas décadas.

Essa é a maior taxa de desmatamento dos últimos 10 anos, um dado alarmante, uma colheita nefasta, fruto do discurso e da política anti-ambientalista do atual governo. Nos últimos meses, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, repreenderam e criticaram o rigor da fiscalização de agentes dos órgãos ambientais contra desmatadores ilegais e incentivaram com seus discursos o garimpo ilegal, a invasão de terras indígenas e de unidades de conservação. O governo revogou ainda o Decreto que impedia o plantio de cana na Amazônia e no Pantanal, biomas onde a soja e a pecuária já fazem estragos.

Dessa forma, as forças do capital ficaram encorajados pelo discurso oficial, avançam e querem se apropriar dos territórios, no intuito de explorarem a exaustão os estoques de bens naturais neles existentes.

Não a toa estamos finalizando hoje na Europa a Jornada Sangue Indígena: Nenhuma Gota Mais. Estivemos por 35 dias em circulação denunciando e alertando o mundo sobre as atrocidades que estão acontecendo no Brasil. Estamos pedindo solidariedade à Europa para que não ratifiquem o acordo com Mercosul, assim como criem leis que consigam coibir, dar transparência, rastreabilidade e punição às empresas que comprem produtos advindos de áreas de conflito ou terras indígenas. É preciso que todas as partes – seja Estado, empresas e sociedade civil – assumam sua responsabilidade em relação ao problema que a crise climática representa para a humanidade neste século XXI. O momento é dramático e urgente!

Os dados sobre o desmatamento devem ser considerados pela comunidade internacional como provas de um crime contra a natureza e a humanidade. Medidas cabíveis devem ser tomadas contra a sanha destruidora do atual governo brasileiro.

Com o desmantelamento das políticas indígenas e ambientais, os ataques sistêmicos sistemáticos às nossas vidas e as políticas de Estado que garantem essa vida e o respeito à biodiversidade, estamos, enquanto povos, condenados ao extermínio.

Hoje nós, povos indígenas, somos 5% da população mundial e, mesmo com esse número, somos responsáveis pela preservação de 82% da biodiversidade do mundo. Ou seja, os atentados sistemáticos que vem sendo empreendidos contra os nossos territórios são também ataques contra toda a humanidade.

É preciso que a sociedade global acorde urgentemente e que a saga fascista do Governo Bolsonaro seja barrada nas ruas, nas redes sociais e pelas instituições nacionais e internacionais. Não temos plano B, porque não temos planeta B. Esse é um pedido de socorro, um grito de alerta dos Povos Indígenas do Brasil.

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