Noite Xukuru

09/11/2009

No dia 13 de novembro, a partir de 21 horas no Preto Velho, Alto da Sé em Olinda, será realizada a "NOITE XUKURU. BASTA DE CRIMINALIZAÇÃO". O evento contará com a presença das bandas Samba de coco do povo Xukuru (coco), Pandeiro do Mestre (coco), Casas Populares da BR 232 (coco), A Farinhada (forró). O ingresso custa R$ 4,00.

Campanha contra a criminalização do Povo Xukuru

O Povo Xukuru conseguiu seu direito à terra em 2001, na Serra de Ororubá, município de Pesqueira. Para lutar por seus direitos os Xukuru sofrem a muitos anos perseguições dos poderosos locais e são vítimas de um processo de criminalização por parte dos órgãos de justiça e das forças policiais. Devido a falta de uma política de proteção e de pacificação do conflito por parte do governo, os Xukuru sofreram uma série de assassinatos, que culminaram com a morte do Cacique Xikão, grande liderança do seu povo. Seu filho Marcos foi escolhido pelos encantos de luz como novo cacique.

Em fevereiro de 2003, o cacique Marcos foi vítima de um atentado por parte de José Lourival Frazão (Louro Frazão), indígena Xukuru ligado aos fazendeiros locais. Nesse atentado foram assassinados dois jovens Josenilson José dos Santos (Nilsinho) e José Adenilson Barbosa da Silva (Nilson), e Marcos conseguiu escapar. Naquele dia, a comunidade, indignada com o crime, se revoltou incontrolada contra um grupo de famílias Xukuru ligadas a Louro Frazão – todos aliados dos antigos invasores da terra indígena.

O Ministério Público Federal em Pernambuco, sem mais um vez realizar uma análise crítica da investigação policial, denunciou 35 pessoas pela prática de diversos crimes . Após longa batalha judicial o cacique Marcos e quase todos os denunciados foram condenados pela 16ª  Vara da Justiça Federal em Caruaru/PE a penas que variam de 13 anos a 10 anos de reclusão, além de vultuosas indenizações em dinheiro.

A investigação e o processo judicial sobre esse conflito foram questionados por antropólogos do Movimento Nacional de Direitos Humanos. Os advogados de defesa questionam o cerceamento de direito de defesa e o tamanho das penas, considerado exagerado. No caso da condenação do cacique Marcos Xukuru, a sentença foi publicada antes de se juntar ao processo os depoimentos de importantes testemunhas de defesa: o deputado federal Fernando Ferro e a Sub-procuradora Geral da República Raquel Dodge.

A vítima foi transformada em réu. Está claro, portanto, que essa é mais uma expressão do processo de perseguição que o povo enfrenta há mais de uma década, por causa da reconquista da terra. 
 

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