I ato em repúdio aos assassinatos sofridos pelos Maxakali – Homenagem à Daldina Maxakali

22/02/2015

 

  • No dia 31 de janeiro de 2015, Daldina Maxakali saiu da Aldeia Verde e foi até Ladainha (MG). Era o final de uma tarde de sábado, ela estava em frente a um bar movimentado da cidade quando um motociclista a atropelou violentamente seguindo seu caminho sem prestar socorro. Daldina carregava um balaio com mangas que havia coletado na estrada. No chão, ficaram as marcas do pneu da motocicleta que se misturaram com as marcas das mangas que ela carregava e com as marcas do sangue de seu corpo. Quando perguntados sobre o ocorrido, os frequentadores do bar disseram não saber de nada. No Domingo, ela faleceu em Teófilo Otoni (MG). 



    Nós da Aldeia Verde Maxakali deixamos aqui um recado para todos saberem que os brancos estão nos matando com seus carros, motocicletas, armas e circulando por aí impunemente. Além de Daldina, em 2014 Betânia Maxakali foi atropelada em Teófilo Otoni (MG), Zé Ilton Maxakali atropelado próximo a Batinga, Valdeir Maxakali apedrejado em Santa Helena de Minas (MG) e Vicente Maxakali baleado nas proximidades de Itanhém. Meses depois desses assassinatos, essas pessoas que mataram nossos parentes não sofreram nenhum tipo de punição. 

    As almas de nossos parentes que foram mortos estão circulando pelos lugares onde foram assassinados e eles passaram a ser o dono desses lugares. Ali, escutamos durante a noite os seus cantos. Por isso, nós indígenas Maxakali de Àgua Boa, Pradinho e da Aldeia Verde faremos um protesto no local onde Daldina faleceu e prestaremos homenagens a nossos parentes mortos em outros locais através dos cantos dos seus espíritos. Gostaríamos então de convidar parentes e amigos para comparecer no dia 27 de fevereiro em Ladainha, às 8:00 na praça da Alegria em frente à prefeitura de Ladainha. Nosso objetivo é chamar atenção da população para o ocorrido e cobrar uma postura mais dura da polícia, das prefeituras, da FUNAI e da Justiça com relação aos assassinatos de nossos parentes. 

    Assinam: indígenas Maxakali de Água Boa, Pradinho e da Aldeia Verde.

 

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