“Ano termina surpreendendo os pessimistas”, escreveu Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master e professor da FGV-SP

Ao final do primeiro ano de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e às vésperas da virada para 2024, o Brasil tem apresentado melhoras significativas na economia. Medidas como a aprovação da PEC da Transição, o novo Arcabouço Fiscal, a aprovação da reforma tributária e o aumento do salário-mínimo garantiram resultados que mostram que a economia brasileira está em boa fase.

Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master e professor na Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) publicou em suas redes sociais 11 motivos que indicam o sucesso da economia brasileira em 2023. Segundo ele, o início do ano veio acompanhado de previsões negativas, porém o cenário mudou: “O ano termina surpreendendo os pessimistas!”.

Os 11 porquês

1. Balança comercial em alta

Descrita como a diferença entre exportações e importações, a balança comercial brasileira registrou superávit recorde em novembro deste ano, no total de US$ 8,8 bilhões (R$ 42,4 bilhões), de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

O desempenho foi 41,5% superior em relação ao mesmo mês de 2022, beneficiado pela queda nas importações de combustíveis e compostos químicos, além da safra recorde de soja – colheita de 323 milhões de toneladas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O crescimento foi de 18,4% em comparação com a safra anterior.

Em novembro de 2023, comparado ao mês do ano passado, as exportações cresceram em 0,6% e somaram R$ 134,5 bilhões, ao passo que as importações reduziram em 11,2% em um total de R$ 92,1 bilhões.

No total acumulado entre janeiro e novembro deste ano, e em comparação ao mesmo período de 2022, as exportações somaram R$ 1,5 trilhões – crescimento de 0,5% – e as importações totalizaram R$ 1,07 trilhões – queda de 12,1%. O superávit  da balança comercial foi de R$ 433 bilhões, maior resultado para o período desde o início da série histórica, em 1989.

2. Dólar em queda

Paulo Gala aponta que, no acumulado do ano, a moeda americana recuou em 8,64%. O dólar fechou o dia 31 de dezembro de 2022, último dia do governo de Jair Bolsonaro (PL), com cotação em R$ 5,29, e abriu em R$ 5,36 no dia 2 de janeiro. Na tarde desta quinta-feira (28) está em R$ 4,86.

O maior valor da moeda em 2023 foi registrado no dia 3 de janeiro, com R$ 5,48, enquanto o menor foi R$ 4,72, em 30 de julho.

3. Menor taxa de desemprego desde 2014

O Brasil atingiu o menor índice de desemprego no trimestre desde agosto de 2014 em setembro deste ano, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O índice também foi o menor para qualquer trimestre da pesquisa desde fevereiro de 2015 (7,5%).

taxa de desemprego caiu para 7,7% no trimestre encerrado em setembro, um recuo de 0,4% em relação ao trimestre anterior. No mesmo período no ano passado, ainda sob gestão Bolsonaro, o desemprego estava em 8,7%, em plena recuperação econômica pós pandemia.

De acordo com o IBGE, 8,3 milhões de brasileiros estão fora do mercado de trabalho, número similar ao registrado em maio de 2015. Já o número de empregados, de 99,8 milhões de brasileiros, é o maior desde o início da série histórica, em 2012.

4. Aumento do emprego não tem pressionado os custos de produção

A massa salarial mensal real – soma das remunerações, diretas ou indiretas, recebidas pelo conjunto de assalariados de um país – atingiu a máxima da série histórica, em 2023, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

O total chegou a R$ 288,9 bilhões, referente a um crescimento percentual de 2,4% na comparação trimestral e 5,5% em relação ao ano anterior. O avanço foi impulsionado pela expansão do emprego e o aumento do rendimento médio, resultado da migração para o trabalho formal e a alta do salário-mínimo.

O salário do trabalhador brasileiro teve aumento médio de 3,9% em comparação ao ano de 2022, com melhoras em 24 estados e no Distrito Federal, conforme estudo da consultoria Tendências. Foram desconsiderados no estudo as transferências do programa Bolsa Família, benefícios previdenciários e outras fontes de renda, como o seguro-desemprego.

5. Inflação em queda

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) exibe outro erro nas projeções econômicas do primeiro ano do governo Lula. Dados do IBGE, divulgados nesta quinta-feira (28), mostram que a inflação deve fechar dentro da meta de 3,25% com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. O acumulado anual foi de 3%.

Dados do IPCA, que funciona como prévia da inflação, mostram que a alta dos preços deve bater 4,72%, abaixo do teto da meta e da projeção inicial do mercado para o primeiro ano do governo. É a menor variação em três anos, desde 2020 (4,23%). O índice havia subido 10,42% em 2021 e 5,90% em 2022.

6. Crescimento do PIB

Ministério da Fazenda, liderado por Fernando Haddad (PT), indica estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 3% ao final de 2023. Os dados são da última pesquisa Quaest, divulgada nesta semana.

A expectativa do mercado previa um crescimento de somente 0,8 pontos percentuais. Ou seja, os economistas erraram a projeção em 375%. No primeiro semestre, o PIB brasileiro já havia crescido 2,7%.

Tanto a inflação como o crescimento do PIB são variações condicionantes à política permanente de valorização do salário-mínimo. A taxa de crescimento real do PIB dos dois anos anteriores influencia no cálculo do novo valor, que deve ser de R$ 1.412 em 2024.

7. Brasil entre as 10 maiores economias do mundo

Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou, no dia 19 de dezembro, a projeção das economias para 2023. Na tabela, o Brasil ultrapassou o Canadá e deve terminar o ano como a 9ª maior economia do mundo, com PIB de R$ 2,13 trilhões.

O Brasil retornou ao patamar anterior ao governo Jair Bolsonaro, que levou o Brasil à 13ª colocação no ranking. Ao final de 2011, primeiro ano do governo Dilma Rousseff (PT), o Brasil conquistou a 6ª posição no ranking das maiores economias do planeta, tendo ultrapassado, inclusive, a Grã-Bretanha.

Em seu perfil oficial no X (antigo Twitter), a Presidência da República comemorou o resultado:

8. Indústria extrativa em alta

“O Brasil é a meca da transição energética do mundo. Tem a matriz energética mais limpa e praticamente todos minérios necessários para se fazer: baterias elétricas, aço verde e fertilizantes limpos”, afirma Gala.

O subsetor das indústrias extrativas teve aumento de 1,8% na taxa trimestral em relação ao trimestre anterior.

9. Sinal de recuperação

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) anunciou uma melhoria na posição do Brasil, elevando de BB- para BB. A agência não mudava o rating do Brasil desde 2019. A perspectiva, segundo o grupo, passou do cenário de estabilidade para positiva.

“Tais evoluções reforçariam nossa visão sobre a resiliência da estrutura institucional do Brasil, com uma formulação de políticas estável e equilibrada entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário do governo”, afirmou a agência em comunicado, apontando a volta da normalidade democrática no país.

Em julho, a Fitch elevou a nota de confiança no Brasil de BB- para BB em virtude do desempenho econômico do país e do compromisso do Governo Lula com a responsabilidade fiscal, devido à aprovação do novo Arcabouço Fiscal. Dias depois, a DRBS Morning Star melhorou a nota de crédito com tendência de estabilidade.

O movimento das agências de rating demonstra perspectivas de melhora nas condições fiscais e econômicas e o reconhecimento de que as medidas e reformas em curso no país estão no caminho certo”, comentou o perfil oficial do governo federal no X.

10. Ibovespa com alta recorde

Na última quarta-feira (27), o Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa de Valores (B3), fechou acima dos 134 mil pontos, a maior alta de sua história. Este é o segundo recorde histórico da Bolsa neste fim de ano: na sexta-feira (22), o índice teve alta de 0,43% e ficou acima dos 132 mil pontos, marco que foi superado nesta semana.

11. Selic projetada em 9%

Selic, taxa básica de juros, fechou o ano com percentual de 11,75%, após a quarta redução seguida determinada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Apesar de alta, a projeção do BC é de queda para 9% em 2024

O índice atual é de dois pontos percentuais a menos do que o cenário entregue pelo ex-presidente Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes.

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