Filha do patriarca e da matriarca da comunidade quilombola de Contagem morreu nesta quarta-feira (19), de Covid. Os pais dela já haviam falecido por causa do coronavírus

 

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Comunidade está consternada com as mortes ocorridas em uma diferença tão curta de tempo. Foto: João Gontijo

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Seu Mário e sua esposa Dona Dodora. Foto: Danilo da Silva Alves

maria antonia comunidade arturos

Maria Antonia morreu nessa quarta-feira por causa da covid

 

Em apenas duas semanas, a Comunidade Quilombola dos Arturos, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, perdeu três destacados membros, vítimas da Covid-19. Nesta quarta-feira, morreu Maria Antônia Vieira, de 65 anos, filha mais velha do casal Maria Auxiliadora da Luz, de 84 anos, e Mário Brás da Luz, de 88 anos. Ele faleceu no dia 6 de maio e a esposa, cinco dias depois.

Seu Mário era o mestre e líder da comunidade, além de capitão da Mor da Guarda de Nossa Senhora do Rosário. Já dona Maria Auxiliadora era a matriarca da comunidade e rainha 13 de maio da irmandade.

Diretor social da irmandade, Jorge Antônio dos Santos afirma que a comunidade está consternada com as mortes ocorridas em uma diferença tão curta de tempo. “Nós estamos assustados com essa situação. A comunidade ainda está de luto e já tivemos outra perda. Mesmo a gente seguindo todos os protocolos, tendo toda atenção para a comunidade, aconteceu essa chegada da Covid”, diz.

Por viverem em uma comunidade quilombola, os moradores dos Arturos já foram vacinados com a primeira dose, em sua maioria. Mas, segundo dos Santos, seu Mário e dona Maria Auxiliadora não puderam ser imunizados porque estavam com sintomas gripais quando a equipe de saúde esteve na comunidade.

Dos Santos diz que dona Maria Antônia teria optado em não receber a vacina da Astrazeneca, mas a Secretaria de Saúde de Contagem afirma que ela teria sido, sim, imunizada.

De acordo com a secretaria, a equipe de imunização esteve na comunidade nos dias 1º e 17 de abril.vAo todo, 420 pessoas da Comunidade dos Arturos foram vacinadas com a primeira dose e 13 com a segunda dose.

Desde março do ano passado, a comunidade dos Arturos teve 46 casos confirmados de Covid. Além dos óbitos registrados neste mês, também houve outras duas mortes pela doença, ambas ocorridas no ano passado. Uma outra morte ainda é investigada. No local, vivem aproximadamente 400 pessoas.

A comunidade dos Arturos foi registrada como Patrimônio Imaterial do Estado de Minas Gerais em 2014. Segundo o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha), a comunidade é responsável pela manutenção de bens culturais, como a Festa do João do Mato, a Festa da Abolição, o Congado e as Guardas de Congo e Moçambique.

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