Vem ai Encontro Purus Indígena: Lábrea AM 20-23 setembro‏

17/09/2011

Lábrea, AM – Começa na semana que vem um grande encontro reunindo as principais lideranças do complexo de terras indígenas e unidades de conservação que tentam formar uma barreira contra o avanço do desmatamento no sul do Amazonas. O Encontro Purus Indígena é organizado pela Federação das Organizações e Comunidades Indígenas do Médio Purus (FOCIMP) e pelo Projeto Aldeias, um consórcio OPAN e Visão Mundial, que juntos vão apresentar o Plano de Vida do movimento indígena da região e os planos de gestão territorial dos povos Paumari do rio Tapauá.

Os planos de vida e os planos de gestão territorial são conquistas dos povos indígenas do Médio Purus após três anos de discussões e sistematizações. Além de exporem acordos e necessidades das terras indígenas, eles sinalizam para parceiros do poder público e da sociedade civil quais são os pontos prioritários para ações conjuntas no contexto delicado do sul amazonense.
Embora o Amazonas seja considerado um dos estados mais preservados da Amazônia, com cerca de 5% da área degradada, são os municípios de sua porção sul que vêm manchando sua reputação. Lábrea e Boca do Acre foram incluídas em 2011 entre os que mais desmatam a Amazônia Legal no Brasil. De acordo com o IDESAM, eles ocupam 6% da área do estado e são responsáveis por 15% do total de desmatamento. A grilagem forte e a abertura de fazendas de pecuária em grandes extensões (de 5 mil a 10 mil hectares), através do uso de fogo e, mais recentemente, até de agentes químicos desfolhantes, são um risco à integridade de unidades de conservação e terras indígenas. Este ano, um relatório de diversas organizações socioambientais demonstrou que, no caso das terras indígenas, a demora na homologação de áreas já reconhecidas, conflitos econômicos e fundiários são os principais gargalos para sua consolidação. Segundo o documento, há casos em que as terras indígenas tiveram 70% do território devastados.
Essas mesmas entidades já identificaram que o sul do Amazonas está especialmente ameaçado pelas pressões de desmatamento em decorrência da instalação das hidrelétricas no rio Madeira, em Rondônia e também pelas obras de reestruturação das rodovias BR-319 (Manaus-Porto Velho), BR-230 (Transamazônica) e BR-317, que liga Lábrea a Rio Branco e faz parte da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA).
Por todos esses motivos, um dos enfoques do encontro são os debates sobre economia indígena, sistemas locais, produção e manejo, em contraposição ao modelo predatório que se avizinha. Outros temas fortes são de que maneira povos indígenas e unidades de conservação podem unir forças no propósito de proteção territorial, e, ainda, como garantir junto ao poder público a implementação dos planos de gestão desenvolvidos pelos povos indígenas.
Serviço:
O quê: Encontro Purus Indígena e apresentação do Plano de Gestão Territorial das Terras Indígenas Lago Manissuã, Lago Paricá e rio Cuniuá, do povo Paumari e Plano de Vida da FOCIMP. 

Quando: 20 a 23 de setembro de 2011, das 8h às 18h. No dia 20, a abertura será às 15h.

Onde: Praça Coronel Labre – Auditório do Colégio Santo Agostinho, Lábrea, AM
Projeto Aldeias
O Projeto Aldeias se desenvolveu em 7 terras indígenas nas bacias dos rios Purus, Juruá e Jutaí. É uma iniciativa da OPAN e de Visão Mundial com apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) para apoiar a conservação da biodiversidade e ao manejo de recursos naturais nas terras indígenas Katukina do Biá, Deni, Paumari do Rio Cuniuá, Paumari do Lago Paricá e Paumari do Lago Manissuã, além do fortalecimento das organizações indígenas locais e regionais. Houve também uma componente em parceria com a Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato (FUNAI/CGIIRC), de proteção etnoambiental dos povos indígenas Hi Merimã e Suruaha, no marco da Frente Purus de Proteção Etno-ambiental.
OPAN
A OPAN foi a primeira organização indigenista fundada no Brasil, em 1969. Atualmente suas equipes trabalham em parceria com povos indígenas do Amazonas e do Mato Grosso, desenvolvendo ações voltadas à garantia dos direitos dos povos, gestão territorial e busca de alternativas de geração de renda baseadas na conservação ambiental e na manutenção das culturas indígenas.

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