No Rio: Estréia Takwara – Cine Indígena como Forma de Resistência Cultural nesse sábado (HOJE, dia 2

20/11/2010

Estréia mundial de documentário co-produzido por indígenas da etnia

Kamayurá inaugura a Sala de Cinema da Ocupação Indígena do Antigo

Museu do Índio, no Maracanã, RJ –

O Cine Indígena da Ocupação Indígena do Antigo Museu do Índio do RJ

será inaugurado nesse sábado, dia 20 de novembro, às 18 horas, com a

pré-estréia do documentário “Takwara” (Mini-Dv; 57 min), co-produzido

pelo Centro de Etnoconhecimento Sócioambiental e Cultural Cauieré

(CESAC) e pela Aldeia Kamayurá de Ipawu (Alto-Xingu), considerado pelo

professor Auakamu Kamayurá, assessor do Memorial dos Povos Indígenas

(Brasília), como “o melhor filme já produzido sobre os Kamayurá”.

O documentário, dirigido por Murilo Marques Filho, com produção

realizada por indígenas do Alto-Xingu e pós-produção a cargo dos

apoiadores Karaiw ("brancos"), registra a preparação e a realização da

cerimônia conhecida como “Takwara”, traduzida pelos Kamayurá como

“Festa da Alegria”, representativa desse Povo, originalmente nômade,

que sabe valorar tudo o que é transitório e vital – com as suas casas

erguidas em madeira e palha, que não chegam a durar mais de uma

década, em contraponto às civilizações gregárias, judaico-cristãs ou

não, sempre procurando eternizar-se na tentação de pedra, do concreto

e do mármore.

No filme, totalmente realizado sem recursos governamentais ou de

embaixadas estrangeiras – nem o apoio de ONG$ – e registrado antes da

publicação do Decreto 7056, “privatizando” a Funai em fins de 2009, e

antes mesmo da posse de Márcio Meira, fundador da República do Açaí, o

Cacique Kotok Kamayurá, da Aldeia Kamayurá de Ipawu, liderança da

etnia que já foi conhecida como Ywyraparijat (“Grandes Guerreiros do

Arco”), por conta da destreza no uso de seus longos e resistentes

arcos de madeira negra (madeira de lei), apoiado pelo Cacique Aritana

Yawalapiti, da Aldeia Yawalapiti do Tuatuari, denuncia o chamado

“Cinturão da Morte” (“Omanomaé Kwahap”), formado pela soja e o gado,

asfixiando o Parque Indígena do Xingu (PIX).

A autonomia e a insubordinação política do Povo Kamayurá (Apy’ap), bem

como o seu espírito generoso e aberto (Tronco Tupi), são expressas na

ironia do Morerekwat (Cacique) Kotok quando, no filme, trata de sua

relação com o Estado Brasileiro e a sociedade envolvente: “A gente não

limpa a bunda com o dinheiro, a gente só precisa de peixe com beiju”.

Não será cobrado ingresso para exibição, mas sugere-se que tragam um

quilo de alimento não-perecível para os ocupantes do Antigo Museu do

Índio (RJ), Defensores de Direitos Étnicos-Culturais e Direitos

Humanos, Guardiões do Patrimônio Indígena.

Os produtores do filme, apoiados pelo Movimento Indígena

Revolucionário, e lembrando a situação de abandono das etnias do

interior do Parque Indígena do Xingu, sugerem ainda, como opção,

depósito voluntário de qualquer quantia (agência 1385/Op 013/conta

poupança 49793-1/Caixa Econômica: Rosimar Paulina da Silva)para

pagamento da Central de Rádio de Nova Floresta (MT), que vence

terça-feira, dia 23/11, fundamental para EMERGÊNCIAS DE SAÚDE e

comunicação com o "mundo exterior", sendo único meio de contato da

Aldeia Kamayurá de Ipawu, no centro-sul do Parque Indígena do Xingu

com a CASAI-Canarana e a FUNAI-Canarana, entre outras representações

do Estado Brasileiro – tendo a Funai, que na última semana torrou 17

mil em diárias de hotel em Fortaleza (CE) para convidados especiais,

se negado a pagar pelo serviço essencial, hoje custeado exclusivamente

por indígenas, em mais uma flagrante violação da lei 6001 e aos

Direitos Humanos pela atual gestão da Fundação Nacional do Índio.

O Cine Indígena faz parte da Política Cultural do Movimento Indígena

Revolucionário, somada ao esforço pedagógico do Instituto Tamoio dos

Povos Originários para “civilizar o civilizado” por meio de eventos

interétnicos de Contação de Histórias, cursos de Língua e Cultura de

Tronco Tupi-Guarani, Fogueiras, Oficinas, Oca de Cura e recebimento de

caravanas escolares – tentando, com a força e a inteligência do

Maracá, esclarecer o “homem branco” sobre a importância da defesa das

mais de 240 Culturas Originárias Brasileiras e da preservação do

imóvel, na Rua Mata Machado, 126, como Patrimônio Indígena gerido por

indígenas, sendo utilizado hoje como Centro de Apoio à Indígenas em

Trânsito e Pólo de Difusão Cultural Ameríndia no RJ, com vistas à

instalação da primeira Universidade Autenticamente Indígena do país.

A partir do dia 20 de novembro, às 18 horas, serão exibidos

pontualmente na Ocupação Indígena do Antigo Museu do Índio do Rio de

Janeiro (Rua Mata Machado, 126, Maracanã, ENTRADA AGORA PELA RADIAL

OESTE), como Política de Resistência Cultural Indígena, filmes

realizados por cineastas indígenas ou produzidos sobre a questão

indígena com assessoria intelectual relevante de representantes dos

Povos Originários.

O Movimento Indígena Revolucionário está realizado uma enquête para

batizar o Cine Indígena (ver quadro ao lado), instalado na Ocupação

Indígena do Antigo Museu do Índio do RJ, como forma de Resistência

Cultural em Defesa do Reconhecimento do Antigo Museu do Índio, como

Patrimônio dos Povos Originários Brasileiros e Contra o Racismo

Institucional, o Decreto 7056/09 e a Privatização das Forças de Estado

Pelas Empreiteiras e Demais Grupos de Interesse.

A decisão sobre o nome da sala de exibição ficará a cargo dos

eleitores, que definirão até o meio-dia de hoje, sábado, 20 de

novembro, a denominação em que será batizada – escolhendo entre as

seis opções ao lado, listadas por sugestão de indígenas e apoiadores.

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