XIX CONGRESSO INTERNACIONAL DE ARTE RUPESTRE IFRAO 2015

30/07/2014

A Universidade da Extremadura, o Instituto de Estudos Pré-históricos (ACINEP) e os Grupos de Investigação Patrimonio&ARTE e CUPARQ (Cultura, Património e Arqueologia) têm o prazer de convidar os investigadores, especialistas, professores, conservadores, gestores e profissionais do Património Cultural e todas as pessoas interessadas para o XIX Congresso Internacional da International Federation of Rock Art Organizations (IFRAO), que terá lugar de 31 de agosto a 4 de setembro de 2015 na cidade de Cáceres (Extremadura, Espanha).

A Comunidade autónoma da Extremadura é um espaço privilegiado do Sudoeste europeu em que se conservaram pinturas e gravuras rupestres dos principais ciclos artísticos da Pré-história e da Proto-história do Ocidente da Península Ibérica, desde o Paleolítico até à Idade do Ferro, tendo especial relevo o vasto conjunto de abrigos com pinturas esquemáticas localizado numa série de espaços naturais excecionalmente preservados. Une-se a isso o importante conjunto histórico-artístico da cidade de Cáceres, declarado Património da Humanidade pela UNESCO. Neste quadro, e com a hospitalidade caraterística das gentes do nosso país, pretendemos oferecer a atmosfera adequada para favorecer o estudo e a reflexão acerca de umas criações simbólicas realmente universais, presentes em todas as épocas e em praticamente todos os recantos do planeta.

O antropólogo e filósofo Ernst Cassirer escreveu, no princípio do século passado, que o homem é, por natureza, um criador de símbolos, um autêntico “animal simbólico”, em qualquer lugar, época e atividade que realize: chegou mesmo a afirmar que a especificidade do ser humano reside na sua capacidade de se servir da função simbólica. Através do simbolismo, entendido como a inter-relação ou tecido formado pela religião, o mito, a arte, a ciência e a linguagem, o homem é capaz de reagir perante os estímulos externos e traduzir a sua conceção particular da realidade. A arte rupestre, autêntico corpus simbólico correspondente a sociedades e formas de expressão muito variadas, constitui um legado excecional que nos permite abordar, a partir da sua dimensão gráfica, a interpretação particular do universo social, natural e transcendente levado a cabo por homens e mulheres de todas as culturas e continentes.

A esta conceção antropológica une-se o facto de a arte rupestre ser um elemento patrimonial inseparável do meio natural em que foi criada. Só aí, na gruta, no abrigo rochoso, no bloco de pedra, no seu vale, desfiladeiro ou montanha, as gravuras e as pinturas alcançam a sua razão de ser e a sua significação plena. Com aquelas “marcas” na paisagem, que pressupõem uma apropriação efetiva da mesma e dos seus principais recursos, esta humaniza-se, adquire uma dimensão cultural complementar em relação às várias estratégias económicas. É por isso que, na arte rupestre, o estudo dos seus suportes, dos seus contentores e do seu meio natural é tão importante como o das próprias grafias. Este argumento serviu-nos de base para propormos o tema principal do Congresso IFRAO 2015:

"Símbolos na paisagem: a arte rupestre e o seu contexto".

IFRAO 2015

Convidamos todas as pessoas interessadas em compreender e conservar a arte rupestre no mundo inteiro a darem a conhecer as criações rupestres dos seus países e regiões como expressão simbólica e cultural, a mostrarem-nos os seus procedimentos e técnicas de investigação e a refletirem sobre as diversas formas em que estas criações se inserem nos seus diversos âmbitos de existência ou com eles se relacionam.

De acordo com a agenda estabelecida nos anteriores encontros internacionais do IFRAO, o congresso conta com quatro jornadas completas para a apresentação de conferências, comunicações ou pósteres, sendo o dia central, quarta-feira, dedicado à realização de visitas guiadas aos principais enclaves de arte rupestre da Extremadura, destinadas a todos os participantes. Para além disso está a ser levada a cabo a planificação de atividades culturais complementares na Universidade da Extremadura e na cidade de Cáceres durante os dias do congresso. Uma oferta cultural com interesse que será completada com a possibilidade de conhecer os principais conjuntos de arte rupestre da Península Ibérica através de viagens organizadas nas datas imediatamente anteriores ou posteriores à realização do congresso.

As línguas oficiais do XIX Congresso IFRAO (Cáceres 2015) serão: inglês, espanhol, francês e português.

Prazo de apresentação para a proposta de sessões ao XIX Congresso IFRAO (Cáceres 2015): 30 de setembro de 2014.

O conteúdo das sessões estará relacionado com os grandes temas de referência habituais nos Congressos IFRAO: arte rupestre nos vários continentes, países e regiões do mundo; teoria e metodologia nos estudos de arte rupestre; iconografia e simbolismo da arte rupestre; estética e arte rupestre; técnicas de representação da arte rupestre, arte rupestre e antropologia; contexto natural e arqueológico da arte rupestre; conservação e gestão da arte rupestre; ou técnicas de datação e análise química da arte rupestre.

José Julio García Arranz

Hipólito Collado Giraldo

Co-organizadores do XIX Congresso IFRAO (Cáceres 2015)

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