Na Chapada do Apodi, na Ibiapaba, Paraipaba, Cariri e Iguatu, plantações de uma só cultura para exportação utilizam muitos agrotóxicos, produtos químicos que contaminam água, terra e nossa saúde. Na Zona Costeira, a criação de camarões em cativeiro, as usinas eólicas que são instaladas sobre as comunidades e o turismo predatório ameaçam o modo de viver tradicional de pescadores, pescadoras e marisqueiras. Nas terras indígenas, a autonomia dos povos é contestada pela ação e pela omissão do Estado; os bens naturais, a força de trabalho e a cultura são degradados por interesses privados. 

No município de Santa Quitéria e Itatira, na localidade de Itataia, o governo anuncia a instalação de uma mina de extração de urânio, embora todo mundo tema os riscos de contaminação nuclear.  Outros projetos de mineração se expandem para os Inhamuns, também com grandes riscos. As obras da Transposição do Rio São Francisco impactam comunidades camponesas na região do Cariri e a transnordestina seguirá fazendo mais vítimas do grande capital de uma ponta a outra do nosso Ceará.

Em Fortaleza, o cinza encobre o verde. As poucas áreas verdes estão sendo destruídas por empreendimentos privados e, sob a justificativa da realização da Copa de 2014, governo e prefeitura removerão milhares de famílias de suas casas para dar espaço às obras e gerar lucro para os mesmos de sempre, enquanto a maior parte da população não tem ao mínimo para sobreviver. 

Esses e outros casos vivenciados no estado do Ceará e em muitos cantos do Brasil não são realidades isoladas, mas exemplos de injustiça ambiental que são fruto da expansão de um modelo de desenvolvimento implantado de “cima para baixo” e no qual os principais impactados não têm voz. Diante disso, denunciamos e reivindicamos:

>> Todos são financiados por dinheiro público, mas não há a participação dos interessados e impactados nos processos de tomada de decisão. Se tem Dinheiro Público, queremos Debate Público.

>> As vítimas desse “desenvolvimento” são sempre comunidades tratadas como descartáveis. Exigimos o respeito aos modos tradicionais de viver do povo, à sua terra e à sua saúde.

>> O lado perverso do “desenvolvimento” é omitido pela falta de informações e pela propaganda mentirosa dos supostos benefícios. Temos o direito de decidir e de ter informações.

>> Os empreendimentos geram muita riqueza, mas para muitos poucos. Enquanto que os impactos sociais e ambientais trazem ao povo sempre o sofrimento e a violação dos direitos humanos e fundamentais (à terra, à água, à moradia, ao trabalho e à vida digna, etc). Queremos justiça ambiental!

DIA 05/06

– Na Zona Costeira, a comunidade do Curral Velho realizará grande marcha contra a instalação de usinas eólicas que provocam impactos socioambientais na comunidade. No Batoque e na Prainha do Canto Verde, moradores comemoram aniversário de suas Reservas Extrativistas.

– Em Fortaleza, o Movimento Proparque realiza, das 16 às 19h, a Festa da Vida, no Parque Rio Branco (Av. Pontes Vieira, entre a Av. Visconde do Rio Branco e a R. Capitão Gustavo).

DIA 07/06

– Às 18h30, a Associação dos Geógrafos Brasileiros realiza o debate “O novo Código Florestal: O significado da reformulação da legislação ambiental no campo e na cidade”, no Auditório da Reitoria da Uece (Campus do Itapery). Com: Profº Edson Vicente da Silva (UFC), Profª Andrea Crispim (UECE/AGB-Fort) e Movimento SOS Cocó.

DIA 08/06

– A Comissão Pastoral da Terra (CPT) lança  o “Caderno dos Conflitos no Campo Brasil 2010”, às 17h na sede da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Ceará (FETRAECE), com a participação do Padre Manfredo Oliveira. Endereço: Rua Visconde do Rio Branco, 2198. Bairro Joaquim Távora.

– O Diretório Central dos Estudantes da UFC promove a discussão “O papel da universidade frente ao modelo de desenvolvimento atual”, às 13h, no Auditorio do Centro de Ciências da UFC (Campus do Pici), com o professor Jeovah Meireles.

DIA 09/06

– Ato público na Praça do Ferreira. Às 16h, será construído o mapa da injustiça ambiental. Às 18h, será lançado cordel e vídeo sobre impactos dos agrotóxicos. 

Organização: Fórum Cearense do Meio Ambiente, Fórum em Defesa da Zona Costeira do Ceará, Rede Brasileira de Justiça Ambiental, Comissão Pastoral da Terra, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Instituto Terramar, Rede Brasileira de Advogados e Advogadas Populares, Núcleo Tramas, Adelco – Associação para o desenvolvimento local co-produzido,  Frente Cearense Por uma Nova Cultura das Águas, Associação dos Geógrafos Brasileiros, Diretório Central dos Estudantes da UFC e outras entidades.