Jaguara

23/03/2010

 

JAGUARA
 
LOCALIZAÇÃO
A comunidade quilombola de Jaguara localiza-se no município de Nazareno, na região do Campo das Vertentes, Minas Gerais, aproximadamente 20 km da sede. A localidade fica a cerca de 7 km da comunidade de Caquende, às margens da represa de Camargos.
 
INFRA-ESTRUTURA
Atualmente há 33 famílias residindo na comunidade, com aproximadamente 170 moradores. O êxodo de moradores para os centros urbanos é muito grande, por falta de perspectiva de geração de renda no local. Há 28 casas fechadas por famílias que se mudaram do local.
O quilombo da Jaguara não dispõe de água tratada, sendo as nascentes canalizadas pelos moradores. Não há também rede de esgoto; as casas possuem fossa rudimentar. A prefeitura de Nazareno recolhe o lixo.
A situação da saúde é crítica no local, pois não há posto médico, e o agente do Programa Saúde da Família visita as casas apenas uma vez por mês. Há muitos casos de hipertensão e diabetes.
Também não há escola na comunidade; todos os alunos estudam na sede do município. O ônibus da prefeitura funciona diariamente.
Jaguara possui rede elétrica e um telefone público. Segundo o morador João Rosa, esse telefone é insuficiente para suprir a necessidade dos moradores. A instalação de um posto de saúde é a principal reivindicação da comunidade.
 
GEOGRAFIA
O entorno da comunidade é cercado por pequenas e médias propriedades. As monoculturas de feijão, café e eucalipto são as principais atividades agrícolas da região. A criação de gado leiteiro também é freqüente nas fazendas do local. O solo – latossolo vermelho – é muito bom para o plantio. A vegetação nativa está totalmente alterada em decorrência das atividades agropecuárias.
A comunidade do Jaguara se encontra no caminho da Estrada Real, o que torna o turismo um possível gerador de renda para os moradores.
 
HISTÓRIA
A origem do município estaria ligada à atividade colonizadora dos portugueses, em busca de minerais e pedras preciosas na região. Em 1725, o fazendeiro Manoel dos Seixas Pinto doou uma faixa de terra, a fim de que se construísse a capela de Nossa Senhora de Nazaré.
Daí teve início a expansão da colônia que, recebeu o nome de Arraial do Ribeiro Fundo, depois Freguesia de Nossa Senhora de Nazaré e, finalmente, Nazareno, quando emancipou-se de São João del Rei em dezembro de 1953. Sua tradição histórica guarda lendas antigas e curiosas, como a da galinha de pintos que só aparece à noite ou a do cavaleiro invisível, do qual só se ouve o barulho dos passos e o relinchar do cavalo.
Os moradores não souberam explicar o histórico de ocupação da comunidade quilombola. Pela fala do morador João Rosa, pode-se inferir que a comunidade foi formada, possivelmente, na segunda metade do século XIX. Segundo ele, o sino da igreja de Nossa Senhora do Carmo é do final dos Oitocentos. Há no fundo da igreja partes de pedra da antiga capela que havia no local. Pesquisas recentes, realizadas em decorrência da instalação de torres de transmissão energética para avaliar o impacto histórico-ambiental, encontraram cerâmica do século XIX nas proximidades da comunidade. Conforme afirma o morador João Rosa, documentos cartoriais constam que a terra foi doada por três mulheres solteiras para Nossa Senhora do Carmo, que é a padroeira da comunidade.
Segundo os habitantes entrevistados, a comunidade não passa por problemas fundiários. Seu território aumentou recentemente com a compra de um terreno, próximo ao cemitério, efetuada pelo padre e por moradores. Mas, a maioria dos quilombolas não possui qualquer documento sobre a posse de suas terras tradicionais.
 
ECONOMIA LOCAL
Os moradores vivem de trabalho nas fazendas vizinhas, em carvoarias e nas cidades próximas. Também produzem hortaliças para consumo próprio. Muitas famílias recebem hoje a aposentadoria e o programa federal da Bolsa Família.
Algumas poucas famílias produzem artesanato, mas reclamam que não há saídas para a venda. Os artesanatos são de taquara e crochê.
 
CULTURA
A grande festa da comunidade é a da padroeira Nossa Senhora do Carmo, no dia 16 de julho. Quase todas as famílias são católicas; há apenas uma família evangélica.
A comunidade não tem associação ou grupo organizado, e o entendimento da identificação como quilombola, assim como a reivindicação de seus direitos, são ainda parcos e confusos entre os moradores.
 
Fonte: CEDEFES.
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