Histórias do São Francisco

31/05/2011

Um canto de amor ao Rio São Francisco: assim pode ser definido o livro O velho Chico em três tempos, que o jornalista Carlos Diamantino Alkmim lança hoje, na Galeria do BDMG Cultural. Além do lado afetivo, pelo fato de ter nascido em Manga, no Norte de Minas, e desde criança ter vivido próximo ao rio e ao seu entorno, Alkmim conta que, ao realizar o trabalho, teve como propósito resgatar a história do São Francisco registrada em 1925 e 1944, respectivamente, pelos escritores Noraldino Lima (em No valle das maravilhas) e M. Cavalcanti Proença (em Ribeira do São Francisco). Valeu-se também de viagem realizada há dois anos no famoso vapor Benjamim Guimarães, de Pirapora ao Porto de São Romão, no Norte do estado.

Dividido em três etapas, no texto de abertura – ‘‘Uma viagem nas páginas amarelas do tempo’’ –, o jornalista relembra (com citações de Noraldino Lima) viagem a Pirapora e Januária do então presidente de Minas Mello Vianna no vapor Wanceslau Brás, em 1925. E aborda também a realidade atual nada animadora do São Francisco: “Hoje, um rio sem nenhuma navegação de porte. Só lhe restaram pequenas embarcações de madeira e canoas solitárias, que bailam com seus pescadores nas suas labutas ao amanhecer ou ao entardecer dos dias, jogando suas tarrafas na difícil tarefa da procura dos peixes, também raros naquelas águas não tão profundas como outrora.”

O mesmo tom poético desse texto de abertura perpassa pelos dois tempos seguintes. O escritor Carlos Diamantino, que atualmente vive em BH, conta a história do rio e da gente que, apesar de todas as adversidades, insiste em viver às suas margens. Num dos relatos, intitulado ‘‘Na ribeira do São Francisco’’, lembra um incêndio ocorrido em 2000, que destruiu a embarcação com o nome do rio. “Ficaram o silêncio e as cinzas do vapor, engolidas pelas águas ou jogadas aos ventos mornos do sertão”. Noutro, de pouco mais de uma página, fala brevemente sobre Neco, célebre bandoleiro, cuja saga, em Grande sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, já havia sido lembrada.

Além de histórias dos outros, Carlos Diamantino, em O velho Chico, que vem ilustrado com ensaios fotográficos de Cleiton Lôpo e Lúcia Sebe, conta histórias suas. Numa delas, não sem certa nostalgia, fala da “maior de todas as suas partidas”: a viagem que fez com a família em 1970, numa velha “gaiola”, de sua Manga natal a Januária e daí até Belo Horizonte, onde está até hoje.

O velho Chico em três tempos, 1925, 1944, 2010
Livro de Carlos Diamantino Alkmim, edição Independente, 236 páginas. Lançamento hoje, a partir das 19h, na Galeria do BDMG Cultural, Rua Bernardo Guimarães, 1.600, Lourdes. Informações: (31) 3219-8519.

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