Aty Guasu, que significa "grande assembléia", é o conjunto das grandes
reuniões Guarani-Kaiowa que se constituíram na década de 1980 como
forma de pressionar o Estado a demarcar as terras tradicionais destes
povos que sofreram violentas expulsões. Este movimento é liderado por
rezadores que reconhecem na reconquista de seus territórios a única
forma de retomar o que chamam de tekoha, um conceito de difícil
tradução, próximo da noção de “o espaço e a forma do bem viver”.
Muitos dentre os sábios, sacerdotes, cantores, mestres da cosmociência
destes povos, vivendo hoje no Mato Grosso do Sul, foram, em algum
momento de suas trajetórias, ameaçados de morte. Mais de 200 deles
foram impunemente assassinados nos últimos 20 anos.

Nesta semana tivemos a triste notícia do assassinato do líder Ambrósio
Vilhalva, que, além de ter sido um grande guerreiro, foi um dos
protagonistas do filme Terra Vermelha. Ficamos consternados com estas
violências, e ainda mais, indignados diante da tentativa de se armar um “Leilão da
Resistência”, organizado pelos ruralistas do Mato Grosso do Sul, cuja
data seria no dia 07 de dezembro, sábado. 

 Mais de mil animais seriam leiloados para financiar o ódio racista dos ruralistas, seus advogados
e suas viagens ao Congresso Nacional, bem como suas milícias de
extermínio dos povos originários. As lideranças indígenas conseguiram impedimento na justiça.

Mais consternados ainda estamos diante da portaria do Ministério da Justiça que coloca de vez um ponto

final na luta dos povos indígenas em geral pela reconquista de parcela
de suas terras. Esta semana uma criança de 5 anos foi encontrada morta perto do rio em Yvy Katu.

Poucos sabem que a luta dos Guarani-Kaiowa é pacífica e poucos sabem o
quanto sua ciência milenar de cultivo de dezenas de variedades de
grãos de milho é importante para a segurança alimentar de todo o
planeta, hoje ameaçado pelo agronegócio.

Contra o ódio dos ruralistas queremos, no dia 07 de dezembro, às 17
horas, no Espaço Cultural Luiz Estrela (rua Manaus, 348, Santa
Efigênia, Belo Horizonte), nos mobilizar formando um Coletivo de
amigos da Aty Guasu.

Doaremos aquilo que pudermos doar: nossos cantos, nossos livros, nosso
amor aos seres vivos, nosso respeito pelos sábios desta civilização, e
o que for possível para ajudá-los em suas reuniões, onde fluem as
belas palavras, e os sons cantados que lutam para que os cataclismas
anunciados não façam com que o céu desabe sobe nossas cabeças.

Esperamos todos os amigos da Aty Guasu no Espaço Cultural Luiz
Estrela, sábado, dia 7 de dezembro às 17 horas.