Candidaturas indígenas em Minas Gerais

13/11/2020

CEDEFES

Dados recentes do Tribunal Superior Eleitoral mostram que, no Brasil, houve um aumento significativo de candidaturas indígenas nos últimos quatro anos, na proporção de 29%, quando comparados dados das eleições municipais de 2016 (com 1.715 candidatos autodeclarados indígenas) e 2020 (2.215 candidatos autodeclarados indígenas).

Apesar desse aumento, o recorte por cor/etnia mostra que indígenas representam apenas 0,4% dos candidatos em 2020, face a 48,07% de candidatos brancos; 39,51% pardos e 10,53% negros.

Em nível estadual, Minas Gerais é o 11º estado com maior população indígena no país, com uma população de 31.112 indígenas, segundo aponta censo do IBGE, em 2010.

No Estado, há atualmente 54 candidatos autodeclarados indígenas concorrendo aos cargos de prefeito, vice-prefeito ou vereador nas eleições municipais, que tem primeiro turno previsto para domingo, dia 15 de novembro 2020.

Desse total, um candidato concorre ao cargo de prefeito (Jair Xacriabá, em São João das Missões), três a vice-prefeito (Maria Diva Maxakali e Margarida Maxakali – ambas em Santa Helena de Minas, Toninho do Peruaçu – em São João das Missões);  e 50 a vereador.

Estão distribuídos nas seguintes cidades e partidos, conforme dados do CampanhaIndígena – uma iniciativa da Apib para o fortalecimento de candidaturas indígenas:

 

Em nível nacional ou estadual a participação de indígenas no espaço político eleitoral ainda é  tímida mas tem crescido a cada período eleitoral.

Mardem India Sicupira (da etnia Aranã) é candidata a vereadora em Minas Gerais, na cidade de Sete Lagoas, e respondeu ao CEDEFES algumas questões sobre a importância das candidaturas indígenas no estado:

 

 1 – Qual a importância da candidatura indígena a vereador / prefeito para o município?

Mardem: É importante para que a comunidade indígena tenha um representante no poder público próximo da sua área. Dessa forma, certamente  ele conseguirá atender, não só a comunidade dele como a população em geral.

 

2 – O que pode ser feito no âmbito municipal (legislativo/executivo) para a questão indígena pela prefeitura ou câmara?

Mardem: No âmbito municipal podem ser feitos, projetos, leis, que apoiem e ajudem as comunidades daquele local.

 

3 – Como você avalia a atuação de indígenas na política brasileira?

Mardem: Hoje vejo que tem mais indígenas conscientes da sua força e do seu poder de concorrer como todas as pessoas. Ainda é pouca a participação diante do número de indígenas, mas acredito que esse quadro tende a crescer.

 

4- Como o candidato avalia a questão indígena no âmbito nacional e regional

Mardem: No âmbito nacional e regional, a participação é muito pequena. Sei que temos indígenas capacitados para se integrarem na luta política para viabilizar os trabalhos dos que estão no âmbito municipal.

A visibilidade indígena precisa ser demonstrada com um trabalho sério em prol das comunidades indígenas e as demais populações.

Não estou candidata em minha região, mas acho interessante que os indígenas pelo menos tentem, procurem saber como funciona, como é essa batalha de correr atrás das coisas, de lutar realmente pelo bem.

 

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