Caixa Cultural Recife exibe mostra de cinema indígena

15/04/2015

Espaço no Marco Zero exibe 14 curtas e longas até o próximo sábado (18). Entrada é gratuita; senhas são distribuídas uma hora antes de cada sessão

Do G1 PE

A Caixa Cultural Recife exibe, até o próximo sábado (18), 14 curtas e longas dentro da mostra de cinema indígena. O olhar do índio sobre sua própria cultura é o tema central do evento, promovido pelo Laboratório de Antropologia Visual da Universidade Federal de Pernambuco (LAV/UFPE) em parceria com o Festival do Filme Etnográfico do Recife. A entrada é gratuita, com distribuição de senhas uma hora antes de cada sessão.

Segundo a organização, os filmes selecionados foram todos produzidos pelos próprios indígenas, “abordando sua vida cotidiana e seu olhar de mundo”. Algumas obras foram editadas junto a produtoras de vídeo como a Pajé Filmes e a Vídeo nas Aldeias, mas ainda sim, editadas pelos indígenas.

As películas e os documentários foram realizados entre 2006 e 2014 e reproduzem o cotidiano e as relações sociais dentro das comunidades indígenas, apresentando ritos cerimoniais e a vida espiritual das etnias representadas. A mostra antecipa as celebrações do Dia do Índio, comemorado no próximo domingo (19 de abril).

>> Confira a programação da mostra:

Quarta (15)

19h30 – “As Hiper Mulheres”, 80 min. Direção: Carlos Fausto, Leonardo Sette, Takumã Kuikuro

Sinopse: Com receio que sua esposa já idosa venha a falecer, um velho pede que seu sobrinho realize o Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu (MT), para que ela possa cantar mais uma última vez. As mulheres do grupo começam os ensaios enquanto a única cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doentes.

Quinta (16)

19h30 – “PI’ÕNHITSI, Mulheres Xavante sem Nome”, 56 min. Direção: Divino Tserewahú e Tiago Campos Torres

Sinopse: Um filme sobre o ritual de iniciação feminino, que já não se pratica em nenhuma outra aldeia Xavante, mas desde o começo das filmagens todas as tentativas foram interrompidas. No filme, jovens e velhos debatem sobre as dificuldades e resistências para a realização desta festa.

Sexta (17)

17h – “Yoonahle”, 45 min. Coletivo Fulni-ô / Vídeo nas Aldeias,

Sinopse: Face à proximidade com a cidade e ao assédio do homem “branco”, os Fulni-ô apresentam a sua forma de viver em dois mundos, resistindo na manutenção da língua, da cultura e de seus segredos ancestrais.

– Moyngo – O sonho de Maragareum – 42 mim. Direção: Kumaré, Karané e Natuyyu lkpeng.

Sinopse: A partir de um registro realizado por Kumaré e Kanaré IKPENG do ritual de iniciação dos meninos, a comunidade resolve, numa oficina de vídeo, encenar o mito de origem do cerimonial.  O herói mítico Maragareum sonha com a morte coletiva dos habitantes da aldeia do seu compadre Epium. Ao chegar nesta aldeia, ele encontra de fato todos mortos. Ao cair da noite, Maragareum, escondido na maloca, presencia e aprende o cerimonial do Moyngo realizado pelos espíritos dos mortos.

– “Pr˜Iara Jõ, Depois Do Ovo, A Guerra”, 15 min. Diretor: Komoi Panará

Sinopse: As crianças Panará apresentam seu universo em dia de brincadeiras na aldeia. O tempo da guerra acabou, mas ainda continua vivo no imaginário das crianças.

19h30 – “Mîmãnãm: mõgmõka xi xûnîn”, 19 min. Direção:/Isael Maxakali

Sinopse: O pajé Totó nos ensina sobre o mîmãnãm, o “pau de religião” maxakali. Uma tora de madeira pintada em homenagem ao yãmîy. Ele é fincado no pátio da aldeia, em frente à kuxex, a “casa de religião”, para a realização do yãmîyxop, o ritual sagrado. Neste filme são apresentados o mîmãnãm do gavião (mõgmõka) e o do morcego (xûnîn).

– “Quando os Yãmiy vêm dançar conosco”, 56 min. Direção:Isael Maxakali

Sinopse: Apesar de sua historia antiga de contato com os brancos, desde o século XVI, os Maxakali mantiveram sua língua e sua relativa autonomia em relação à sociedade nacional. Muitos velhos, pajés e lideranças maxakali afirmam que sua forca provém das relações que mantêm com seus Yamiy, seus espíritos.

– “Xupapoynãg”, 14 min. Direção: Isael Maxakali

Sinopse: As lontras invadem a aldeia para vingar a exploração e morte de seus parentes, caçados e devorados pelos humanos. Cabe às mulheres travar uma batalha para expulsar os invasores.

– “Yamiy”, 15 min. Direção: Isael Maxakali

Sinopse: Os yamiys são espíritos do panteão maxakali. Eles são vários; virtualmente infinitos. E todos se conectam por uma metamorfose que os faz passar de um a outro. Serie, o yamiy é um devir mutante. A sua sequência é uma das formas de que os tikmû’û (maxakali) se servem para contar suas historias.

Sábado (18)

17h – “Wai’á Rini – O poder do sonho”, 48 min. Direção: Divino Tserewahú

Sinopse: A festa do Wai’á, dentro do longo ciclo de cerimônias de iniciação do povo Xavante, é aquela que introduz o jovem na vida espiritual, no contato com as forças sobrenaturais. O diretor Divino Tserewahú vai dialogando com o seu pai, um dos dirigentes deste ritual, para revelar o que pode ser revelado desta festa secreta dos homens, onde os iniciandos passam por muitas provações e perigos.

– “Tatakox Vila Nova”, 21 min. Direção: Guigui Maxakali

Sinopse: Quando as mulheres sentem saudades das crianças que morreram pequenas, os Tatakox vão buscá-las e trazem-nas às aldeias para que as mães as vejam. Com a filmadora nós pudemos ver de onde é que os Tatakox tiram as crianças. Depois, no mesmo dia, os meninos vivos da aldeia são levados de suas mães pelos espíritos para ficar na casa dos homens e aprender.

19h30 – Sessão de curtas

– “Ma Ê Dami Xina: Já me Transformei em Imagem”, 32 min. Diretor: Zezinho Yube

Sinopse: Comentários sobre a história de um povo, feito pelos realizadores dos filmes e por seus personagens. Do tempo do contato, passando pelo cativeiro nos seringais, até o trabalho atual com o vídeo, os depoimentos dão sentidos ao processo de dispersão, perda e reencontro vividos pelos Huni kui.

– “Katxa Nawá”, 29 min. Diretor: Zezinho Yube

Sinopse: Joaquim Maná, professor e líder da aldeia Mucuripe no Acre, ganhou o premio culturas indígenas Angelo Kreta. Com o dinheiro, ele chamou os mestres de cerimônia de outras aldeias para realizarem o Katxanawa, a festa da fertilidade do povo hunikuin, que nunca havia sido realizada em sua terra.

Serviço

Mostra de Cinema Indígena Imagens da Aldeia

Até sábado (18)

Caixa Cultural Recife – Avenida Alfredo Lisboa, nº 505 – Praça do Marco Zero – Bairro do Recife

Entrada gratuita

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