Biblioteca Curt Nimuendajú: acervo digital que promove acesso sobre conteúdos indígenas

06/10/2022

AGÊNCIA CENARIUM

Fonte:https://cultura.uol.com.br/cenarium/2022/10/06/203391_biblioteca-curt-nimuendaju-acervo-digital-que-promove-acesso-sobre-conteudos-indigenas.html

Ferramenta de conhecimento para estudantes e pesquisadores voltados a temas sobre os povos indígenas do Brasil, a Biblioteca Curt Nimuendajú, da Fundação Nacional do Índio (Funai), disponibiliza um acervo digital com mais de 1.

Priscilla Peixoto – Da AGÊNCIA AMAZÔNIA

MANAUS – Ferramenta de conhecimento para estudantes e pesquisadores voltados a temas sobre os povos indígenas do Brasil, a Biblioteca Curt Nimuendajú, da Fundação Nacional do Índio (Funai), disponibiliza um acervo digital com mais de 1.500 teses e dissertações, 171 livros, 41 revistas e conteúdos digitais disponíveis para o público de forma gratuita.

Com a missão de “promover o acesso e a disseminação de informações sobre a política indigenista brasileira e contribuir para a promoção e a proteção dos direitos indígenas”, a biblioteca dispõe de conteúdos especializados sobre o tema e pautas ambientais em terras indígenas, reforçando o avanço na formulação de trabalhos que abordem a história dos povos originários, como destaca o escritor e professor de ascendência mura, Rojefferson Moraes.

É perceptível que nos últimos anos tivemos um avanço considerável no acervo acadêmico em torno da questão dos povos originários, a história, o conhecimento, e isso é fundamental para que possamos ter referência que nos deem o embasamento necessário para fortalecermos nosso próprio conhecimento e estimular a busca pelo aprender da cultura ancestral”, destaca o escritor.

Biblioteca Curt Nimuendajú da Fundação Nacional do Índio (Funai) (Reprodução/Internet)

Para ele, os canais de acesso à informação, como a Curt Nimuendajú, são necessárias, mas é importante atentar de que forma serão disseminadas essas informações, fazendo com que elas cheguem até a educação básica para difundir e fazer com que professores e crianças tenham acesso a conteúdo tão ricos quanto os disponíveis na biblioteca.

É necessário difundirmos, pedagogicamente, a importância da cultura dos povos originários e como ela é importante para nosso autoconhecimento enquanto amazônidas, do contrário vamos ter produções acadêmicas para acadêmicos, e isso precisa chegar na formação educacional das nossas crianças, a fim de valorizar nossa cultura, principalmente, para quem reside nos centros urbanos da nossa floresta“, ressalta.

Descolonização do pensamento

Na leitura do doutor em educação e pesquisador em manifestações populares e pautas indígenas, Adan Silva, meios como acervos da biblioteca indígena promovem a descolonização do pensamento e dos saberes, algo que ele considera como “reflexão recente”.

Hoje, quando você pega a literatura dos indigenistas, você já vai ver muitos deles que vão trabalhar essa questão de não cair em uma perspectiva etnocêntrica, de respeitar os saberes dos povos originários e, acredito que isso, inclusive, é reflexão recente, a própria antropologia já foi uma antropologia de gabinete, já reproduziu questões que a gente sabe que são preconceituosas, então, estamos em um momento que é preciso decolonizar todos os saberes e, para isso, precisamos fazer essa crítica decolonial e ler autores que decolozinam pensamentos, mas muito dificilmente vamos conseguir despojar disso tudo, uma vez que o racismo é estrutural, o genocídio dos povos indígenas também” explica.

O doutor em educação pontua que produções de conteúdos também são uma forma de “indigenizar” espaços sociais e abre oportunidade para essa parte da população divulgar saberes. “Ter essa biblioteca, ter essa produção de saberes feita pelos povos originários ou pessoas que se dediquem ao assunto é de suma importância, pois, finalmente, traz a oportunidade para que essas pessoas tenham as vozes ampliadas, elas sempre tiveram vozes, mas nunca tiveram quem a escutasse, então, isso se define como locais de ocupação em que, finalmente, são reconhecidas como sujeitos capazes de produzir conhecimento, de produzir uma epistemologia própria”, finaliza.

(Reprodução/Internet)

Sobre a biblioteca

Fundada em 13 de julho de 1987, a Curt Nimuendajú tem um acervo especializado em temas sobre as populações indígenas do País, com uma coleção de cerca de 50 mil registros, entre livros, folhetos, periódicos, coleção de recortes de jornais, obras de referência, monografias, dissertações e teses.

Localizada na sede da Funai, em Brasília, a biblioteca faz empréstimos bibliográficos e está disponível aos usuários que tiverem vínculos com a fundação. Bibliotecas públicas cadastradas na Biblioteca Curt Nimuendajú também podem solicitar empréstimo.

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