Diocese de Governador Valadares se prepara para a 16ª Romaria das Águas e da Terra
A Diocese de Governador Valadares se prepara para receber romeiros e romeiras de todo o Estado de Minas Gerais no dia 10 de Junho. É a 16ª Romaria das Águas e da Terra e a 2ª Romaria da Diocese de Governador Valadares que se aproxima, levando homens, mulheres e crianças a celebrar na caminhada.
Em preparação para Romaria, no dia 05 de Maio acontece um seminário de formação, em Governador Valadares, com participação de representantes de todas as paróquias da Diocese. Este ano, a Romaria das Águas e da Terra traz o tema “Terra e Água: princípio e sustentabilidade da vida” e o lema: “Das montanhas e vales férteis, brote o compromisso com a vida e a saúde de seus povos!”, inspirada na Campanha da Fraternidade 2012, cujo tema é Fraternidade e Saúde Pública.
A 16ª Romaria das Águas e da Terra denuncia a privatização das águas, a concentração da terra, os projetos implantados pelas grandes empresas, que destroem o meio ambiente e ameaça a vida das pessoas do campo e da cidade. A Romaria também anuncia a vitória da vida, que vem da organização do povo, motivada pela força da memória dos que lutaram e deram suas vidas em defesa de outras vidas, realizando sua missão profética.
Fazem parte da comissão organizadora a Diocese, a Cáritas Diocesana, o Mobom, Movimento da Boa Nova, CEB’s e CPT-MG. A comissão espera a presença de 15 mil romeiros de todo estado de Minas Gerias.
Diocese de Governador Valadares*
A região do Vale do Rio Doce é uma das regiões de colonização mais recente em Minas Gerais. No início deste século, iniciou-se um processo de ocupação mais intensa, tendo como um de seu marcos a construção da estrada de ferro Vitória-Minas, cortando a região e o território dos índios Krenak, que tentam resistir a mais esta invasão.
A partir de 1920, também se intensificaram os conflitos entre fazendeiros e posseiros, que tentam tomar as terras dos posseiros por causa de sua valorização. Instalou-se, a partir daí, a invasão das terras pelos fazendeiros para implantação da pecuária extensiva. Por causa desta atividade, que cresceu até 1950, ocorreram vários despejos, desapropriações violentas, muitos trabalhadores rurais foram mortos e outros deixaram suas terras.
Durante muitos anos, o povo da região se via intimidado para promover qualquer iniciativa que viesse a questionar a ordem social injusta que ali se instalou. Com a abertura política no Brasil, na década de 80, muitos cristãos se reuniram em torno do Movimento da Boa Nova (MOBON) e das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que se constituíram em espaços de reflexão da realidade à luz da palavra de Deus. A partir do MOBON e das CEBs, surgiram lideranças de vários movimentos, que assumiram nas lutas o testemunho de sua fé cristã e a busca de um mundo mais justo.
Os trabalhadores rurais da região retomaram a luta com ocupações de terras, buscando, assim, conquistar o direito de plantar e viver no seu próprio pedaço de chão.
Mas se os trabalhadores avançam na luta pela conquista da terra, por outro lado, ainda continuam as ameaças de sua expulsão pelos grandes projetos econômicos, como acontece com as barragens e a monocultura do eucalipto.