A instituição está fechada há 15 anos, com base no argumento de que não havia ‘demanda’ para mantê-la de pé

Comunidades quilombolas tentam arrecadar verba para escola que atenderia 150 famílias
Comunidades quilombolas tentam arrecadar verba para escola que atenderia 150 famílias
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Foto: Marlon Fernandes/Divulgação

A comunidade do Macuco Quilombola, em Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha, se organiza para tentar reerguer das ruinas a Escola Fúlvio Mota, que está desativada há 15 anos. À época, a instituição fechou as portas com base no argumento de que “não havia demanda” na região.

O projeto quer atender todo o circuito quilombola de Minas Novas, que contempla 37 famílias no Macuco, 43 no Pinheiro, 42 no Mata Dois e 33 no Gravatá. O grupo tenta fazer uma vaquinha online para conseguir auxílio para a iniciativa. Em 2020, a meta estipulada era de R$ 45 mil. Por ora, R$ 7.100 foram arrecadados.

“Fato é que, além de descontinuar o ensino por lá, ainda retiraram as telhas, janelas e pisos do prédio que servia também de ponto de encontro para as assembleias, reuniões e ensaios dos grupos folclóricos”, pontua o grupo que pleiteia a reconstrução em nota.

A matriarca do Macuco, Elizabete Rodrigues, de 68 anos, vulgo Betinha Menan, conta que o terreno “foi doado por um morador, analfabeto que sonhava em ver o aprendizado de todos”. “Aqui tinha missa, reunião, ensaios, era nosso ponto de encontro, além de escola. Temos crianças e muitos adultos analfabetos que gostariam de estudar. Na idade que estamos não conseguimos pegar ônibus para ir à cidade todos os dias”, afirma.

“Era muito importante. A gente ia para a roça, depois tomava banho e vinha estudar. Reativar a escola é nosso sonho. Temos esperança de que vai voltar”, relembra.

“Todos os nossos saberes se perdem quando os alunos da comunidade vão para a sede. Com a introdução de novas culturas os jovens quilombolas começam a deixar os costumes ancestrais de lado e seguir   o que é moda ultimamente. Muitas vezes até sentem vergonha em participar de grupos folclóricos da comunidade com receio de não serem aceitos pelos seus colegas”, detalha a líder comunitária, Juscilene Alves Costa, conhecida como Leninha.

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