São Félix

23/03/2010

 

Comunidade Quilombola de São Félix
 
Localização:
 
A comunidade quilombola de São Félix fica no município de Chapada Gaúcha, próxima ao distrito de Serra das Araras. O município foi formado por um assentamento de gaúchos. Os gaúchos se misturaram com os sertanejos mineiros na região descrita por Guimarães Rosa no épico Grande Sertão Veredas. O local é ponto de encontro de culturas e das águas que correm para o São Francisco — com cerrado que ondula por serras habitadas por araras vermelhas.
 
Infra-estrutura:
 
A Comunidade quilombola de São Félix, no município de Chapada Gaúcha organizou uma associação, denominada de Associação Quilombola Vó Amélia (liderança de São Félix, Amélia Rodrigues Pereira). Existem 12 famílias em São Félix, contabilizando 53 pessoas. Funciona na comunidade uma escola que atende até a quarta-série. A escola funciona em uma construção de pau a pique que está desmoronando (durante a época de chuva não pode haver aulas). Apenas oito alunos estudam na escola. Em São Félix não existe luz elétrica, água tratada, esgoto e nem posto de saúde.
A questão da saúde é grave entre os moradores. Não existe nenhuma assistência médica no quilombo. O posto de saúde mais próximo fica em Serra das Araras (53 km) e o hospital fica em São Francisco (73 km).
 
Cultura:
 
A comunidade festeja em janeiro a festa de reis e São José em março. O lundun é uma dança típica da comunidade. O lundun é bastante antigo sendo poucas as comunidades que praticam o lundun atualmente. Em São Félix é praticado a dança do Quatro, Tamanduá e Carneiro.
 
Território:
 
O problema da terra é o mais sério e pontual na comunidade. Através de documentos (certidões de nascimentos), da memória dos mais velhos (a mãe de Amélia Rodrigues, Inês Cardoso nasceu na localidade em 1898, e sua avó, Mônica Cardoso, em meados de 1868), de evidências físicas (cemitério antigo) e da música; a população pode comprovar que mora no sítio a mais de cento e cinqüênta anos. A terra começou a ser grilada nos finais dos anos setenta, com a chegada de latifundiários e reflorestadoras. Segundo documentos cartoriais, a empresa OSELIMPART IMÓVEIS E PARTICIPAÇÕES S/C LTDA vendeu as terras onde se situa a comunidade de São Félix para a empresa Siderúrgica Valinhos e Baluarte Agroindustrial LTDA, em 1989. No ano de 2001, a empresa vendeu as terras para uma outra empresa denominada de Quality Companhia Securitizadora de Créditos Financeiros, que repassou o título para TMG SIDERÚRGICA LTDA. Uma pergunta ficou sem esclarecimento, se a comunidade está nas terras, que são devolutas, quem emitiu o título da terra para os posseiros? E em que circunstancias este título foi emitido?
Em dezembro do ano de 2003, funcionários da TMG SIDERÚRGICA escavaram um enorme buraco na estrada que liga a comunidade dos outros distritos e cidades, impedindo o trânsito de veículos, inclusive do ônibus escolar que levava alunos para as escolas de Serra das Araras e de São Francisco. Além do buraco, os funcionários da empresa estreitaram uma porteira e colocaram estacas na estrada. A comunidade entrou na justiça e ganhou a causa. A empresa teve que fechar o buraco.
Existe uma tensão constante de funcionários da empresa para com a população de São Félix, no intuito de expulsar as pessoas de seu sítio.
A área de São Félix equivale aproximadamente de 8500 hectares. O cerrado está sendo derrubado pela empresa, causando sérios danos ambientais. O rio São Félix está secando e o rio Acarí diminuiu enormemente o seu nível. A atividade de garimpo feito por pessoas de fora da comunidade também está agredindo o rio.
 
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