Segundo os Krenak, o Projeto de Lei 490/2007, prejudica a luta dos povos indígenas pela demarcação de suas terras no leste de Minas e em todo o Brasil

Indígenas Krenak protestando contra o PL 490/2007 na BR 259, na altura do Córrego EME, em Resplendor(foto: Ezequiel Medeiros Divulgação)
Os indígenas Krenak, de Resplendor, Leste de Minas, fecharam a BR-259 na altura do Córrego EME, distante cerca de 120 quilômetros de Governador Valadares. O fechamento da rodovia acontece de forma pacífica nesta terça-feira (29/6) e vai se prolongar até a quarta-feira (30/6), sempre com intervalos de três horas. Durante a paralisação, ambulâncias e veículos com pessoas doentes poderão passar.
O ato dos indígenas Krenak faz parte da onda de protestos que os povos indígenas de todo o Brasil estão fazendo contra as mudanças propostas pelo Projeto de Lei 490/2007, que será votada na quarta-feira na Câmara dos Deputados. As mudanças são relacionadas à demarcação das terras indígenas em todo o território nacional. O projeto estava engavetado há 14 anos e foi colocado em pauta pela base governista.
Douglas Krenak, da Aldeia Krenak de Resplendor, disse que o seu povo trava uma luta histórica contra os poderosos em defesa de suas terras, desde a chama “Guerra Justa”, em 1808, quando D. João VI declarou guerra contra os botocudos, a grande nação indígena que dominava toda a faixa territorial no sertão do Rio Doce.
“Essa Guerra Justa tornava legal a matança do nosso povo para que o Vale do Rio Doce fosse desbravado e fosse feita a recomposição do império português nos trópicos. Agora, o governo Bolsonaro, com esse PL 490/2007, paralisou todas as demandas indígenas pela demarcação de terras”, disse Douglas Krenak.
Shirley Krenak, outra liderança do povo Krenak, explicou que as manifestações estão sendo realizadas para pedir o arquivamento da PL 490. “É a PL da grilagem, que anistia grileiros e agrava ainda mais as violência contra povos indígenas sem contar que os grandes beneficiários serão os grandes latifundiários”, disse.
Ela disse que os indígenas pedem também o arquivamento da PDL 177/2021, que autoriza o presidente a abandonar a convenção 169 da organização Internacional do trabalho.
“Exigimos o arquivamento da PL da mineração que autoriza em grande escala a exploração em nossas terras indígenas com grande s empreendimentos hidrelétricos e mineração industrial. O que Bolsonaro quer é regularizar a mineração”, protestou Shirley Krenak.

Os Krenak reivindicam a demarcação de pelo menos 12 mil hectares de terras na região de Resplendor, incluindo as terras do Parque Estadual de Sete Salões, importante remanescente de Mata Atlântica e muito conhecido na região por seus atrativos naturais, em especial a gruta arenítica, cujos salões conservam pinturas rupestres.
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