São mais de três séculos da história de Zumbi dos Palmares, 500 anos de escravidão, e ainda existe a dificuldade em se respeitar a história do negro no Brasil. Muitos ainda ignoram que a cor da pele foi o fator predominante no ato de escravidão que levou 10milhões de africanos ao seu holocausto não fotografado para registro.
Quando as agremiações que formam o Movimento Negro Organizado se levantam em favor de cotas o fazem em detrimento da ausência de políticas públicas dirigidas e com objetivos claros para a inserção do negro no universo sócio-econômico brasileiro de maneira a dar-lhe melhores condições de sobrevivência. Vale lembrar que em 1888 o ato da Lei Áurea simplesmente colocava o negro na rua. Sem casa. Sem dinheiro. Sem assistência ou orientação. A lei da vadiagem vem desse tempo – para tirar os negros sem emprego e casa, das ruas, humilhava-os ainda mais recolhendo às prisões insalubres. Doentes…, morriam.
A meritocracia, o esforço e a disciplina são armas da estatura de qualquer ser humano de bem que queira ser uma referência. Mas exigi-la de quem não tem acesso aos bens mais simples de sobrevivência é desumano. Querer que alguém que luta para concluir seu curso num sistema público de ensino que privilegia o diploma e não o saber é forçar desatinos que levam pessoas sensatas a abandonarem sua luta.
Com o tema: "Consciência Negra – Relação de dominação e submissão – Desconstrução de Mitos", a Semana Nacional da Consciência Negra, em Uberlândia, foi aberta com o apoio da 13ª Seccional da OAB, presidida pelo Dr. Egmar Sousa Ferraz, e com a coordenação da Comissão de Igualdade Racial, presidida pela Dra. Selma Aparecida dos Santos. Convidada especial a falar deste tema no evento esteve em Uberlândia, a Desembargadora e Juíza Federal Dra Neuza Maria Alves da Silva. Uma vitória especial, num evento perfeito e brilhante que proporcionou aos presentes ouvir uma referência nacional em direito emocionada em suas considerações.
Parabéns aos outros membros da Comissão da OAB, os advogados: Adão Alcides Bernardes, Alex Vinícius Dias, Gilberto Neves, Giselle Paiva Rezende, Gleibe Moreira da Silva, Guilherme A. do Nascimento Fraga, Joana D’arc de Castro, Lívia Severino de Freitas, Marcos Pereira Xavier, Rosangela Souza Siqueira, Vera Lúcia Kátia Sabino Gomes, Viviane Martins Parreira, que ajudaram a fazer deste evento mais uma página escrita da história da comunidade negra de Uberlândia com sucesso.
Muitas outras atividades estarão acontecendo no Mês de Novembro – o Mês da Consciência Negra. Ressaltando o almoço tradicional na Toca do Bugre, comandado pelo Almir – E que acontece junto com a entrega do Prêmio Xavantinho que chega em 2010 a sua 9ª edição. Que o vigor dessas comemorações traga também luz às inúmeras reflexões necessárias a contribuírem para o crescimento social da população negra. Que a portaria do Ministério da Saúde com foco na saúde do povo negro seja implementada e executada com o rigor que se exige nestes casos.
Que a educação receba a atenção necessária para a aplicação efetiva da Lei Federal 10639/03. E a religiosidade de matriz africana tenha o respeito que toda religião merecer ter.
O MAIPO Movimento de Articulação e Integração Popular e, a Diretoria de Comunicação da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade Racial da Nova Central de Trabalhadores de Minas Gerais, estão trabalhando em um documento para basear novo e amplo debate da constitucionalidade para decretação do feriado municipal do dia 20 de novembro em Uberlândia.
O Movimento Negro tem avançado em suas conquistas. E é verdade, Zumbi Vive!