Movimento Estudantil e Via Campesina realizam o II Seminário de Questão Agrária em Lavras, sul de MG

19/05/2010

 

Entre os dias 17 a 19 de maio de 2010, cerca de 150 pessoas, entre estudantes de Lavras e Alfenas, jovens de Carrancas e assentados do sul de Minas, se reúnem no II Seminário de Questão Agrária de Lavras – MG. O seminário foi organizado pelas organizações da Via Campesina da região Sul de Minas (ABEEF – Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Floresta, FEAB – Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil, MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) e pelos Centros Acadêmicos de Engenharia Florestal e de Biologia da Universidade Federal de Lavras.  
O Seminário de Questão Agrária é uma atividade de lançamento da campanha de Solidariedade aos Movimentos Sociais, organizada pelas organizações do Movimento Estudantil de cerca de dez universidades que realizaram o VII Estágio Interdisciplinar de Vivência em Minas Gerais em janeiro deste ano. Há tempos, um dos movimentos que encampa uma luta para diminuir a vergonhosa dívida social da Reforma Agrária, o MST, vem sofrendo com a brutal criminalização. Por trás disso, estão os interesses das grandes empresas transnacionais, como a Syngenta e a Aracruz (atual Fibria), que são defendidos pelo Estado brasileiro, e que hoje concentram mais de 60% das terras brasileiras.
Sabemos que hoje existem dois modelos de agricultura em disputa. Um que vem a favor da humanidade, da agricultura camponesa, que produz 70% dos alimentos produzidos no Brasil, segundo o último censo agropecuário do IBGE, respeitando o meio ambiente e as pessoas nele envolvidas. O outro modelo é o agronegócio, que age contra a humanidade. Visa apenas o lucro da produção de riquezas para as transnacionais e os grandes latifundiários que desrespeitam o meio ambiente, a diversidade e a cultura.
 
Nesse sentido, o evento tem como objetivo colocar em debate na região a Reforma Agrária e o porquê que não é realizada hoje, denunciar a miséria que o agronegócio causa e fazer um balanço do Abril Vermelho. Além disso, o Seminário denuncia a criminalização que os movimentos sociais estão sofrendo por parte da mídia e do Poder Judiciário, que encobrem os crimes e a pobreza que causam as empresas transnacionais. A atividade põe em debate também a educação, colocando em cheque o modelo de Universidade que serve apenas ao interesse das grandes empresas e compartilhando experiências da educação popular como princípio educativo para a sociedade. Outro objetivo do seminário é resgatar a cultura popular como cultura de resistência à hegemonia da indústria cultural, que marginaliza a cultura de raiz do povo brasileiro.
O II Seminário de Questão Agrária inaugura na região, também, o Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra, em busca da soberania alimentar. A proposta é que se limite a propriedade da terra em 35 módulos fiscais, de forma que permita a Reforma Agrária baseada no sistema de produção camponês e não no sistema de exportação de commodities.
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