Exposição retrata a tortura como política de Estado no Brasil

22/09/2011

A arte como meio de denúncia da prática de tortura. Essa é a proposta da exposição "Sala Escura da Tortura".
Apresentada pela primeira vez em 1973 no Museu de Arte Moderna de Paris, a exposição é uma iniciativa do projeto "Marcas da Memória", da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

Local: Assembleia Legislativa de Minas Gerais a partir do dia 27 de setembro até dia 28 de outubro – das 9 às 17 horas, no Espaço Político-Cultural Gustavo Capanema.

A arte como meio de denúncia da prática de tortura. Essa é a proposta da exposição "Sala Escura da Tortura", que a Assembleia Legislativa de Minas Gerais recebe a partir de terça-feira (27/9/11) até o dia 28 de outubro. A mostra ficará aberta para visitação das 9 às 17 horas, diariamente, no Espaço Político-Cultural Gustavo Capanema. Apresentada pela primeira vez em 1973 no Museu de Arte Moderna de Paris, a exposição é uma iniciativa do projeto "Marcas da Memória", da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.

A mostra, inspirada em relatos de Frei Tito, torturado por três dias seguidos em 1969, é composta por sete telas. Segundo o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão, as obras devem ser vistas por dois motivos. "Primeiramente, para que todos aqueles que criticam o processo de reparação possam visualizar aquilo que muitos ainda tentam negar ter existido: a prática de tortura como política de Estado em nosso País". Em segundo lugar, ele diz que é importante a visibilidade das obras para que o maior número de pessoas possa "ser tocado pelo horror que a tortura representa". Paulo Abrão acredita que, "se um dia a tortura aconteceu e, o que é mais grave, ainda acontece em tantos lugares, é porque fomos incapazes, como sociedade, de compreender o valor máximo que o ser humano possui em nosso sistema político".

Um dos objetivos da exposição é, também, prestar uma homenagem à memória de Frei Tito, "exemplo de resistência, engajamento e dignidade em favor dos injustiçados". Segundo Paulo Abrão, "sua capacidade de sensibilizar as pessoas por um mundo melhor extrapola o seu plano existencial".

A mostra está percorrendo o Brasil. Já esteve nas cidades de Petrópolis e Niterói, ambas do Estado do Rio de Janeiro, nos meses de agosto e setembro. Após Belo Horizonte, Brasília receberá a exposição no Museu Nacional do Conjunto Cultural da República de 1º a 20 de novembro. Escolas interessadas em trazer grupos de alunos podem fazer inscrição pelo site http://salaescuradatortura.com.br.

Quem foi Frei Tito

– Tito de Alencar Lima, o Frei Tito, nasceu em Fortaleza (CE), no dia 14 de setembro de 1945. Participou da Juventude Estudantil Católica (JEC), ala jovem da Ação Católica. Em 1964, integrou as primeiras reuniões e manifestações estudantis contra a ditadura militar. No início de 1966, ingressou no noviciado dos dominicanos, em Belo Horizonte. Em 10 de fevereiro de 1967, foi residir no Convento das Perdizes para estudar Filosofia na Universidade de São Paulo (USP).

Em 1968, foi preso durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna (SP), com todos os congressistas. Em novembro de 1969, foi preso novamente, com Frei Betto e outros religiosos. Frei Tito foi torturado ininterruptamente durante três dias pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, chefe do Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Em dezembro de 1970, foi incluído entre os prisioneiros políticos trocados pelo embaixador suíço, Giovani Enrico Bücker, sequestrado pelo comando da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).

Em 1971, foi para Roma, Itália, e, em seguida, para Paris, França, onde foi acolhido no convento Saint Jacques. Em 10 de Agosto de 1974, foi encontrado morto em área do Convento de Lyon. Somente em março de 1983, com a abertura política, seus restos mortais retornaram ao Brasil. Acolhidos em liturgia na Catedral da Sé, em São Paulo, encontram-se hoje enterrados no cemitério São João Batista, em Fortaleza.

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