Encontro das Lutas Populares do Alto São Francisco

24/03/2010

Encontro das Lutas Populares do Alto São Francisco.
Data: 26 a 28 de março de 2010.
Local: Januária, no Centro de Pastoral da Diocese de Januário Minas Gerais.
 
 
Introdução.
 
Os pescadores, ribeirinhos, vazanteiros, operários, quilombolas, atingidos por barragens, comunidades indígenas, entidades que apóiam as lutas populares vêm enfrentando as investidas das grandes empresas geradoras de energia, do agronegócio e as mineradoras na Bacia do São Francisco. As conseqüências desse modelo de desenvolvimento são graves, o rio nos últimos 50 anos perdeu 35% da sua vazão. A poluição paulatinamente vai matando os peixes, a vida do Rio e as populações ribeirinhas.
 
Em 1980, militantes das causas sociais, ambientalistas e artistas percorreram o rio de Pirapora em Minas Gerais até Xique-Xique na Bahia com objetivo de mobilizar a população ribeirinha em defesa do rio e de suas culturas. Essa mobilização ficou conhecida como: “Associação pra Barca Andar,” nome que nasceu da constatação que não era possível mais andar de barco no rio.
 
            Em 1993/94 acontece a Peregrinação da nascente à foz, por um ano, realizada por Frei Luiz Cappio, Ir. Conceição, Adriano e Orlando – uma intensa mobilização religioso-ecológica, que reanima e religa as forças vivas e resistentes da ribeira sanfranciscana.
 
            Já nos anos 2000, a CPT – Comissão Pastoral da Terra e CPP – Conselho Pastoral dos Pescadores que desenvolviam seu trabalho pastoral na Bacia principalmente a partir dos Estados da Bahia e Minas Gerais constatam o aumento dos investimentos das grandes empresas na região, principalmente mineradoras e o monocultivo de eucalipto.  Em 2004 as duas pastorais cientes dos problemas, construíram um plano de ação e com o apoio de Misereor passaram a desenvolver um trabalho agora não mais só voltado para os problemas do rio, mas para as populações ribeirinhas. O ano de 2005, foi o ano de mobilização na bacia toda, foram feitos mutirões de visitas nas comunidades, e entidades, envolveram-se neste trabalho mais de 300 entidades e 3 mil pessoas. Foi um momento de conhecimento da realidade do rio e das populações ribeirinhas. No final do ano realizou-se o encontro em Bom Jesus da Lapa.
 
Neste encontro é que nasceu a Articulação Popular em Defesa do Rio São Francisco, não como entidade, mas como articulação das pessoas e entidades. Isto favoreceu a organização das lutas.  Foram definidas também as linhas de atuação: terra, água, produção, educação e grandes projetos.
 
De 2005 e inicio de 2006 foi o processo de construção de um diagnostico da bacia, da situação do rio e suas populações. Muitos encontros, seminários para compreender e apreender todas essa realidade. No ano 2007 foi o grande impacto do projeto, com o II jejum de D. Luiz Cappio em defesa do rio e suas populações. Em fevereiro 750 representantes das comunidades ribeirinhas acampam em Brasília, conseguem pautar a questão na mídia e em audiências expões as questões frente aos três poderes federais, legislativo, executivo e judiciário.
 
Em 2008 e 2009 a APSF vive o refluxo em relação a 2007, numa conjuntura de refluxo também dos movimentos sociais em geral, com o Governo Lula operando abertamente para cooptá-los e discipliná-los ao jogo das forças hegemônicas do capital nacional/global. Com dificuldade, tenta retomar o vigor da luta contra a transposição e se debate em assumir para valer a luta concreta da revitalização polarizada com   parcial, insuficiente e publicitário programa oficial do governo federal, permeado pelas injunções político-partidário-eleitorais.
Para reanimar a luta e a articulação nos dias 21 a 23 de agosto de 2009 em Juazeiro na Bahia foi realizado o II Encontro Popular da Bacia, onde os mais de 150 participantes puderam a partir das experiências concretas, analisar e discutir os principais problemas enfrentados e quais são as lutas quem vem sendo feitas ao longo da bacia.  Reafirmaram a luta contra a Transposição, a Mineração, as Barragens e contra o Agrohidronegócio. E a consistência do enfrentamento a esse modelo somente se dará na medida em que as organizações populares construírem o seu projeto. Nesse sentido devemos lutar por uma prática agroecológica, em defesa da Reforma Agrária, da Agricultura Familiar Camponesa e a convivência com os biomas.
 
O encontro reafirmou a missão da articulação que é de: favorecer a articulação das lutas concretas do povo da Bacia do Rio São Francisco e apoiá-las frente à sociedade e ao estado, de modo a que os grupos populares sejam protagonistas destas lutas e afirmem e construam um Projeto Popular para a Bacia. Tendo como objetivo: conquistar a revitalização do São Francisco (Terra, Água, Rio e Povo) a partir das lutas populares e que resulte em melhores condições de vida para o seu Povo e na preservação dos ecossistemas e biomas da Bacia.
 
Convite.
 
Como continuidade desta luta definiu-se pela realização de encontros regionais. Por essas razões estamos convidado o seu movimento, a sua entidade para participar do encontro do Alto Médio Mineiro nos dias 26 a 28 de março em Januária. Não deixe a Barca parar, faça a Barca Andar animando a sua comunidade na luta pelo São Francisco Vivo, Terra, Água e Povo.
 
 
 
                                                           Pela Articulação do Alto Médio Mineiro.
                                                                       Buritizeiro, 04 de março 2010
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