Ele tem 12 anos e é um dos grandes influenciadores do Instagram.

Adriel, um menino baiano e negro viu sua vida transformada da noite para o dia por conta de um ato de racismo.

Sua conta na rede social Instagram estava tímida e graças a ação dos seus seguidores, os milhares de compartilhamentos fez com que instagrammers renomados chegassem até ele e se tornassem parte da sua rede.

“É muita gente querendo o seu bem. E uma das melhores coisas é que você vai poder compartilhar o seu amor pelos livros para mais de 500 mil pessoas. Que outras crianças tomem você como exemplo e entendam o poder de transformação da leitura! A leitura é uma ferramenta incrível de empatia, Adriel, e você já aprendeu muito bem isso”, postou Pedro Pacífico (o @book.ster).

Tá ficando profissa!

No seu perfil do “insta” está escrito: “De Salvador para o mundo” e o jovem Adriel já ganhou uma assessoria, inclusive da sua mãe, para monitorar a conta e assim ele pode se dedicar mais à leitura.

adriel 1 - Elas são crianças, negras e agitam a internet falando sobre livros
Acervo pessoal do Instagram

Além disso, algumas celebridades como Gisele Bündchen enviaram elogios e mensagens de apoio.

Assistir aos seus vídeos no youtube é uma experiência gratificante.

Ele é uma simpatia em pessoa e as críticas literárias são apresentadas de forma bem espontânea e divertida. E ele não se intimida com alguns dos “tijolaços” que ele tem que ler, afinal, ler é a paixão da sua vida.

Para curtir e seguir as dicas literárias do Adriel, aqui vão os links:

https://www.instagram.com/livrosdodrii/

https://www.youtube.com/channel/UCM4QTjdg3G_rAEEVf0ijJEw

Denúncias de casos de injúria racial pela internet podem ser realizadas pelo Disk 100, serviço do Governo Federal que recebe denúncias de violação de direitos humanos. A denúncia também pode ser feita em delegacias comuns e especializadas em crimes raciais e delitos de intolerância.

Booktubers engajadas

Helena e Eduarda Ferreira são irmãs gêmeas que moraram no Morro da Providência, a primeira favela do Rio de Janeiro.

Um cenário marcado pela violência, que as obrigava ficar em casa.

O legal desta história é que a reclusão compulsória se transformou num grande projeto de estímulo à leitura e em 2015 elas criaram o “Pretinhas Leitoras”.

A explicação do nome não poderia ser mais clara e direta: “Porque a gente é preta e a gente lê”- diz Helena

As rodas de leitura com as crianças do Morro da Providência aconteciam na própria casa e se tornou a grande opção cultural contrapondo a escassez de tudo na favela.

Em 2018 o projeto deu um salto e elas criaram o canal no youtube “Pretinhas Leitoras”, que tem mais de 20 mil inscritos.

Mesmo com todo o poder de alcance da internet, estas meninas não abrem mão do contato olho no olho nos encontros mensais que realizam no Morro da Providência com as crianças para falar de livros e do enfrentamento do racismo nas escolas.

“Antigamente a gente não se aceitava como era por causa do nosso cabelo e nossa cor”, conta Eduarda, cuja biblioteca pessoal possui títulos como “Solta os cabelos”, ” Meu crespo é de rainha” e “Amoras”.

Para ela, que pretende fazer doutorado em literatura negra, os livros são uma forma de “incentivar pessoas negras a se amarem através de outras histórias.”

Helena também pretende seguir a carreira de professora e sonha com uma vida diferente para as crianças da região.

“Quero que elas tenham sonhos que possam realizar, que acessem a biblioteca e que tenham um lugar que possam se sentir seguras, sem tiroteio e violências.” – afirma.

gemeas2 - Elas são crianças, negras e agitam a internet falando sobre livros
Foto: acervo pessoal

 

Mãe e camerawoman

Elen Ferreira, a mãe das meninas, é professora dos primeiros anos da educação básica e pesquisadora sobre infância.

Ela diz que suas filhas não são excepcionais, apenas tiveram acesso e estímulo, mesmo morando numa comunidade que sequer tem pontos de cultura como uma biblioteca ou teatro.

“Nós temos crianças fadadas ao encarceramento domiciliar sem cometer delito nenhum. O país prepara infâncias negras e pobres para ficarem enclausuradas desde a mais tenra idade.”- afirma

Aos olhos da grande maioria dos moradores de comunidades, o sonho de trilhar uma carreira acadêmica, transformam Helena e Eduarda em “meninas prodígio”, mas para sua mãe são sonhos naturais, que toda criança poderia ter.

Elen também contribui para o canal dando ideias e filmando os vídeos com um celular. Apesar de um “certo sofrimento” pelos recursos técnicos escassos, os vídeos são postados e rendem centenas de comentários positivos.

“ Este projeto traz um senso de responsabilidade social muito grande na vida das minhas filhas e isto pra mim é extremamente importante.” – diz Elen

Conheça mais sobre estas “booktubers” aqui.

Fonte: Ceará Criolo , R7

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