Córrego Santa Cruz

23/03/2010

 

Comunidade de Córrego Santa Cruz
A Comunidade remanescente de Quilombos de Córrego de Santa Cruz no município de Ouro Verde de Minas espera que seus direitos sejam fomentados
10 de dezembro de 2004
 
 
 
 
A comunidade de Córrego de Santa Cruz se localiza ao sul do município de Ouro Verde de Minas, no vale do Mucuri, Minas Gerais. A comunidade também é conhecida como Quebra-Pescoço e possui mais ou menos 60 famílias, contando umas 300 pessoas que residem na localidade. A origem da ocupação inicial data há quase cem anos (segundo a memória dos moradores mais antigos), no início do século XX. A economia das famílias gira em torno do trabalho rural, sendo as culturas de cana de açúcar, café, milho e feijão as mais utilizadas pela população.
 
 
 
A população é predominante católica, e a padroeira da localidade é a Santa Cruz. Existe uma igreja bastante simples onde ocorrem os cultos religiosos e reuniões da Associação. Segundo Vanderli, antigamente havia o batuque e levantamento de bandeiras. Os mais velhos provavelmente possuíam uma guarda de Congo ou Moçambique, e festejavam o padroeiro (Santa Cruz) e/ou outros santos do reinado de Nossa Senhora do Rosário. A Folia de Reis poderia ser festejada também, mas estas informações não ficaram claras. Hoje, a comunidade só festeja a festa junina.
 
 
 
A questão fundiária é delicada em Córrego de Santa Cruz, pois 98 % da população não possuem o título da terra, apenas uma pequena parte adquiriu o título através de compra junto a Ruralminas. Segundo Vanderli, a sua família, juntamente com outras famílias, perderam terras para os fazendeiros que iniciaram a ocupação no entorno da comunidade.
 
 
 
A região foi ocupada pela população não indígena no século XIX. Através do desmatamento e a expulsão/extermínio dos indígenas, a cultura do café foi amplamente implantada durante décadas. O nome do município (Ouro Verde de Minas) carrega esta história da monocultura cafeeira na região. A origem da população de Córrego de Santa Cruz ficou um pouco obscura pela parcimônia de informações e pelo curto tempo de visita na comunidade. Mas segundo alguns moradores, os primeiros moradores vieram do Jequitinhonha e da Bahia. Existem quatro clãs em Santa Cruz: Paulos, Souzas, Oliveiras e Vieiras.
 
 
 
Está atualmente em efetivação, um projeto de irrigação financiado pelo Banco do Nordeste.
 
 
 
A comunidade sofre bastante com o descaso na área da saúde. A xistose é um problema crônico na população. Apesar de existir atendimento do Programa de Saúde e Família, a comunidade não acha satisfatória a atuação dos médicos. A Pastoral da Criança está atuando na área, pois a mortalidade infantil é muito alta. Segundo Isolda, da Pastoral da Criança, antes da atuação da Pastoral na comunidade, a realidade era muito pior.
 
 
 
Na comunidade existe uma escola de primeira até a quarta série e está funcionando uma turma de Educação de Jovens e Adultos. Os idosos estão se queixando que estão tendo dificuldades em acompanhar as aulas por deficiência visual e não possuem óculos.
 
 
 
A comunidade possui uma Associação de Jovens e está organizando uma Associação de Moradores, tendo como liderança Maria Alves e Vanderli..
 
 
 
Existe uma outra comunidade no município de Ouro Verde de Minas chamada de Água Preta, que também são remanescentes de quilombos e possuem parentesco com várias pessoas de Córrego de Santa Cruz.
 
 
 
 
FONTE: Equipe Quilombos Gerais
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