Cacique Merong, liderança da retomada indígena em Brumadinho, é encontrado morto

04/03/2024

Fonte:https://www.em.com.br/gerais/2024/03/6813003-cacique-merong-lideranca-da-retomada-indigena-em-brumadinho-e-encontrado-morto.html

Pertencente ao povo Pataxó-hã-hã-hãe, Cacique Merong Kamakã era conhecido pelo processo de retomada em que atuava como liderança no Vale do Córrego de Areias

Na foto, Cacique Merong Kamacã Mongoió na Retomada no vale do Córrego de Areias em Brumadinho

Pertencente ao povo Pataxó-hã-hã-hãe, Cacique Merong Kamakã era conhecido pelo processo de retomada em que atuava como liderança no Vale do Córrego de Areias

De acordo com o boletim de ocorrência, a causa da morte teria sido suicídio. No entanto, Frei Gilvander Moreira, participante da Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais e amigo do cacique Merong, acredita que ele tenha sido assassinado devido ao trabalho de retomada que realizava. “Conversei longamente em particular com o cacique Merong no dia 24 de fevereiro, lá na Retomada Xukuru-Kariri em Brumadinho. Ele estava planejando ampliar as lutas, de cabeça erguida. Não foi suicídio, foi assassinato por perseguição”, afirma.

Pertencente ao povo Pataxó-hã-hã-hãe e da sexta geração da família Kamakã Mongoió, cacique Merong Kamakã era conhecido pelo processo de retomada em que atuava como liderança no Vale do Córrego de Areias em Brumadinho e pela luta e defesa dos direitos dos povos indígenas e originários.

Graças à atuação emblemática, outras lideranças e ativistas da causa lamentaram a morte de Cacique Merong nas redes sociais. “Que tristeza receber a notícia da morte do cacique Merong Kamakã, amigo e parceiro de todas as horas durante nossa campanha, ocorrida na manhã de hoje. Ele sempre foi presente nas articulações em defesa dos direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais. Uma perda enorme”, afirmou a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL).

A Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares do Brasil (Conafer) também lamentou a morte. “O cacique Merong, como era conhecido, fazia da defesa dos povos originários a sua bandeira de luta. Em Minas Gerais, na região de Brumadinho. No Território Caramuru, no sul da Bahia. No apoio aos Xokleng, Guarani e Kaingang no Sul do Brasil. Como educador do Mais Educação Livre, contribuindo com seu conhecimento na Reserva Jaqueira. Apesar de uma longa caminhada pelo país na resistência contra a violência em áreas indígenas, Merong faleceu muito jovem e cheio de sonhos”, afirma a nota.

Além da Conafer, o mandato coletivo feminino do PSOL de Florianópolis, Mandata Bem Viver, também se manifestou. “Uma grande perda de um guerreiro que participou de inúmeras retomadas, sempre a postos na luta para devolver os direitos e os territórios dos povos indígenas por todo país. Esteve em janeiro deste ano em Florianópolis apoiando como sempre a Luta pela Casa de Passagem Indíge. És um guerreiro de todos os povos, de todos os seres, sempre na luta em defesa da vida! Que o Grande Espírito te receba e que sigas nos iluminando com toda sua força e luz!”, afirmou o grupo através das redes sociais.

Comovido, o Frei Gilvander relembrou: “Ele falava várias vezes: ‘Se me matarem na luta pelo território, me transformarei em adubo para fazer germinar mais luta por territórios e por todos os direitos indígenas’. Ele sabia que não seria sepultado e sim semeado na Mãe Terra”.

A ocorrência segue sendo investigada pela Polícia Civil de Minas Gerais.

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