Cabeceiras

16/03/2010

 

CABECEIRAS
 
LOCALIZAÇÃO
A comunidade quilombola de Cabeceiras se localiza no município de Minas Novas, na região do Jequitinhonha, Minas Gerais.
 
INFRA-ESTRUTURA
Há 46 famílias que vivem na comunidade atualmente, que se organizou e constituiu uma associação de moradores. Algumas moradias possuem energia elétrica. Há uma escola que atende até a 4a série e um posto de saúde.
 
CULTURA
Nas músicas que são tocadas pelas pessoas da comunidade são usadas a zabumba, o pandeiro e o canudo feito de taquara de mato. Ainda há benzedeiras no local.
Alguns termos de origem africana permaneceram durante um longo tempo. Uma moradora afirmou: “Minha mãe falava umas palavras diferentes das que são faladas hoje, tal como ‘malungo’, que significava ‘parente’. As pessoas usavam palavras diferentes para xingar os outros, assim os brancos não entediam. Mas depois de um tempo as pessoas pararam de usar esta língua.”
Hoje a vida e cultura local mudaram muito. Antes, segundo a moradora, “a comida era bem diferente de hoje, era comum comer feijão, arroz e outras carnes que eram caçadas. Antes na comida eram usadas muitas folhas, essas ainda são achadas, mas não se usa
mais.”
O artesanato era uma prática bem comum. Na comunidade havia tecelagem artesanal; o algodão era plantado e coletado na região, e depois de fiado, o tecido era usado para a feitura das roupas dos moradores da comunidade. Hoje essa prática não existe mais; todavia, na comunidade existem muitas pessoas que guardam essa habilidade.
Segundo um dos moradores, os jovens foram aos poucos perdendo o interesse pelas atividades tradicionais.
 
HISTÓRIA
Segundo Inácia Ferreira da Costa, sua avó fazia parte dos negros da costa: “A assinatura é Costa: Fabiana Ferreira da Costa, já o nome de minha bisavó era Maria Carlota Ferreira.” Esses são alguns dos sobrenomes que perpetuaram na comunidade.
Hoje, os moradores não têm registros da compra da propriedade local, nem mesmo o que poderia lhes ter sido repassado como herança.
Antes os papéis ficavam guardados com os mais velhos. À medida que eles foram morrendo, os papeis se perderam. “Antes eles tinham tudo, assim como os meus pais. A terra era nossa, por conta dela já fui à cidade muitas vezes pagar imposto.”
Parte do território histórico foi vendido, o pai de dona Inácia vendeu a chapada, a chamada área de campo. O comprador falou que os moradores da comunidade poderiam ficar no local. Nesse território trabalharam muitos anos, mas, depois de certo tempo “eles vieram e colocaram arame em uma grande área e foram falando: ‘vocês não podem ficar aqui!’ Hoje esta área é toda deles.” A venda feita anteriormente se referia apenas à chapada, todavia os compradores se apoderaram de uma grande área sobre a qual não tinham direito e assim ocuparam grande parte do território tradicional da comunidade.
Em 2005, a comunidade entrou com pedido de titulação de suas terras no Incra.
 
ECONOMIA LOCAL
A principal oferta de emprego é das empresas de monoculturas de eucalipto, no entanto, não é suficiente para toda a demanda da comunidade. Esse tipo de produção provocou graves problemas ambientais, como a escassez da água, o fim da vegetação típica e a expulsão dos animais silvestres. Além do grande dano ambiental, os eucaliptos geraram também problemas de natureza cultural e social em Cabeceiras. Hoje, o uso dos recursos naturais, antes abundantes, é bastante limitado, o que vem prejudicando a própria sobrevivência da comunidade.
 
Fonte: CEDEFES
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