Bom Jardim da Prata

12/03/2010

 

BOM JARDIM DA PRATA
 
LOCALIZAÇÃO
Bom Jardim da Prata é o principal núcleo de uma grande região ocupada historicamente por moradores de origem quilombola. Esse núcleo está situado no distrito de Santa Isabel, município de São Francisco, na região norte de Minas Gerais. O local fica na margem esquerda do rio São Francisco, a 5 km da balsa e a 15 km da sede, seguindo a estrada em direção a Serra das Araras.
 
INFRA-ESTRUTURA
O quilombo é constituído por 88 famílias e cerca de 400 pessoas, divididas em seis comunidades: Bom Jardim da Prata, São João Batista, Lagoa da Prata, Lageado, Porto Velho e Pinhãozeiro. Os jovens e adultos da comunidade são predominantemente analfabetos.
As crianças e jovens de Bom Jardim deslocam-se a pé cotidianamente para ter acesso à Escola Estadual Barreira dos Índios. A residência de algumas famílias é de pau-a-pique com cobertura de amianto ou palha. A água que a comunidade quilombola utiliza é de péssima qualidade. Existem apenas duas fontes de água: uma é o rio São Francisco, de onde a água é tirada com o uso de latas, a outra é um poço artesiano que beneficia apenas 14 famílias. Uma das maiores queixas dos moradores é a poluição do rio e a má qualidade da água consumida.
 
HISTÓRIA
A ocupação do território de Bom Jesus da Prata, segundo Dona Generosa Rodrigues, aconteceu no século XIX com a vinda de quilombolas da região do rio Gurutuba. As primeiras famílias que chegaram ao local fugiam das agitações sociais, da violência do cangaço e da disputa de terras. Provavelmente, nessa época, já havia habitantes vivendo nas margens do rio São Francisco, conforme informação de outro morador.
A partir dos meados do século XX, grande parte do território tradicional foi ocupada por grileiros ou vendida a preço irrisório. As comunidades ficaram ilhadas entre as fazendas. A memória dos moradores mais antigos lembra o tempo em que o território histórico era usado para a reprodução cultural e econômica dos próprios moradores.
Essas ocupações geraram diversos conflitos. Houve uma época em que os jagunços invadiam o quilombo para pilhar e afugentar seus moradores, que procuravam esconderijos no entorno.
Bom Jardim da Prata foi reconhecida como quilombola pela Fundação Cultural Palmares em 2005. A solicitação para a titulação das terras foi encaminhada ao Incra nesse mesmo ano, mas o processo ainda não terminou.
 
ECONOMIA LOCAL
A renda dos moradores gira em torno de atividades agrícolas e trabalhos nos centros urbanos mais próximos. Os jovens quilombolas não possuem perspectivas de emprego ou geração de renda que possa garantir seu sustento na comunidade. Por isso, parte significativa deles migra sazonalmente para Unaí e São Gotardo, onde há oferta de trabalho nos plantios de alho e na panha do café.
Muitas famílias vivem de aposentadorias e benefícios sociais do governo, como a Bolsa Família.
 
CULTURA
As danças e folguedos tradicionais ainda são praticados por moradores de Bom Jardim. O batuque, o lundum e a dança do carneiro acontecem durante as festas de Santos Reis e São Sebastião. Na comunidade ainda existe um antigo cemitério.
Fonte: CEDEFES.
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