ARTE E SOCIEDADE INDÍGENA: diálogos sobre patrimônio e mercado

28/10/2013

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SEMINÁRIO

ARTE E SOCIEDADE INDÍGENA: diálogos sobre patrimônio e mercado

CPEI – IFCH – UNICAMP

30 de Outubro de 2013, Auditório II 

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Este seminário, proposto no âmbito do projeto ‘Artesanato Pankararu: memória e patrimônio, educação e sustentabilidade’, realizado pelo CPEI em convênio com o IPHAN, tem por objetivo reunir um conjunto de intervenções antropológicas e indígenas sobre o tema da arte e do artesanato, tomados em uma dupla dimensão, a patrimonial e a econômica.

A pertinência desta proposta surge da observação das tensões e transformações que vem se operando na relação entre sociedades indígenas e sua cultura material. Esta relação pode ser mediada por uma concepção da produção material indígena como parte de saberes próprios e tradicionais, expressão de sua cosmologia ou instrumento de valorização identitária. Ou, por outro lado, esta relação pode ser mediada por noções típicas das relações de consumo, diante das quais seu valor está associado à sua incorporação em coleções de arte, a objetos da indumentária de moda, na esteira dos “novos valores” da sociedade pós-industrial  e aos novos usos e redefinições da noção de “cultura” no cenário político contemporâneo” .

O próprio espaço de vida e de referências estéticas indígenas incorpora esta tensão, na medida em que podemos observar nos seus artesãos tanto o compromisso com a produção de artefatos tomados como ‘tradicionais’, quanto o interesse em produzir objetos novos, relacionados a projetos e modos de vida contemporâneos, que implicam novas referências estéticas, materiais, estilos, usos e modos de produção.  

Apesar de tudo isso aparecer misturado na prática, tais tendências apontam para dois modos de apropriação da arte ou artesanato indígenas e tradicional, do patrimônio e do mercado.

Para a discussão desses temas elaboramos um seminário organizado em duas mesas, uma centrada na questão pankararu, referência empírica do projeto em curso e que dá ensejo ao próprio seminário, e outra em uma discussão mais ampla sobre a relação entre mercado e patrimônio. Essas mesas ocorrerão em associação com as “Quartas da Antropologia”, evento mensal do PPGAS- UNICAMP, que neste edição será dedicado ao tema da relação entre Antropologia e Arte Indígena.

 

 

PROGRAMA

 

Abertura (9h00 – 9h15)

José Maurício Arruti

 

Mesa ‘ESTÉTICA E RITUALIDADE PANKARARU’ (9h15 – 12h00)

Marcos Alexandre Albuquerque ( 30 min)

Claudia Mura (30 min)

Rita Pankararu (30 min)

Debate (30 min)

 

ALMOÇO (12h00-14h00)

 

Mesa ‘ARTE INDÍGENA: ENTRE PATRIMÔNIO E MERCADORIA’ (14h00 – 19h00)

Ilana Goldstein (30 min)

Edson Gomes (30 min)

Ava Fulni-ô (30 min)

Debate (30 min)

 

Coffee-break (16h30 – 17h00)

 

Palestra | Quartas da Antropologia (17h – 19h)

Lucia Hussak van Velthem (50 min)

 

Debate (1h00)

 

 

RESUMOS

 

Marcos Alexandre Albuquerque – “O praiá ankararu: objeto, imagem e direitos”

Desde a famosa “Missão de 1938” promovida por Mário de Andrade no período em que foi diretor do Departamento de Cultura da cidade de São Paulo, até as manifestações atuais, promovidas, por exemplo, por ONGs e CIMI, a máscara praiá é o elemento de maior destaque na imagética dos indígenas Pankararu. Essa imagética apenas assume a “indianidade” dessa população quando essa é representada pelo modelo do índio genérico, sendo a máscara praiá o paradigma no caso Pankararu. Essa apresentação pretende mostrar como esse registro imagético foi historicamente construído na relação desses indígenas com o estado e de que maneira esse repertório é atualizado nas atuais políticas culturais Pankararu (performances, internet, workshops e outras).

– Mestrado em Sociologia pela UFPB e doutorado em Antropologia Social pela UFSC, prof. da UERJ.

 

 

Claudia Mura – "Performances rituais e processos políticos entre os Pankararu”

A comunicação concentra-se nos aspectos políticos que permeiam as práticas rituais Pankararu e na elaboração e sistematização de fluxos culturais -ideias, conceitos, valores e itens materiais- em um contexto marcado por uma crescente ênfase na etnicidade. Visa-se destacar a relevância das performances rituais, entendidas como ações sobre o mundo, portanto, como atos morais e políticos indissociáveis do contexto experiencial, dos princípios organizacionais, das diferentes situações históricas e a interação da coletividade com diversas agências e agentes. Propõe-se uma analise das performances rituais como atos reivindicativos para fora, bem como eventos comunicativos para dentro, que proporcionam experiências éticas e emocionais à comunidade política e étnica e impulsionam a solidariedade grupal.

– Mestrado e doutorado em Antropologia Social pelo Museu Nacional, UFRJ, profa. da UFAL.

 

 

Ilana Goldstein – “Arte em contexto: o estudo da arte nas Ciências Sociais”

Apresentaremos algumas abordagens antropológicas e sociológicas da arte.   Os temas discutidos são: a “distinção” por meio do conhecimento sobre a arte; a   importância das instâncias de legitimação na definição do que é arte; a relação entre   a distinção artística e cosmologia em sociedades tradicionais; e o debate sobre a   universalidade da categoria “estética”.

– Mestrado na USP e na Universidade de Paris (Sorbonne Nouvelle), doutorado em Antropologia Social (Unicamp), profa. do Centro Universitário SENAC e da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP).

 

 

Edson Gomes – “A experiência da ‘Ameríndia’”

A apresentação se foca nos aspectos da importância do comércio dos artefatos indígenas para as próprias populações indígenas envolvidas em seu processo produtivo, em um contexto atual. Aborda também a relação existente entre a arte indígena e o artesanato indígena, buscando aproximar-se do ponto de vista do próprio índio.

– Especialista em Arqueologia Brasileira pela Universidade de Santo Amaro, proprietário da Ameríndia Arte Indígena Brasileira.

 

 

Lucia Hussak van Velthem – “A estética wayana: humanos, animais, sobrenaturais”

A apresentação enfocará os Wayana, povo indígena de língua Carib que vive no norte do Estado do Pará. Tendo como ponto de partida os bens materiais e os grafismos produzidos e utilizados, a exposição volta-se para a compreensão das categorias através das quais a sociedade wayana pensa e formula seu próprio sistema estético que enfatiza entidades não humanas e conceitos cosmológicos mais amplos.

– Mestrado e doutorado em Antropologia Social pela USP, pós-Doutorado no EREA-CNRS (França), pesquisador titular do MCTI e da SCUP – MCTI em Brasilia.

 

 

DEPOIMENTOS:

 

Rita de Cassia dos Santos (Rita Pankararu)  – Coordenadora dos professores de Arte e Cultura Indígena das escolas indígenas Pankararu, Diretora do Museu-Escola Pankararu (PE).

 

 

Avanil Florentino de Oliveira (Ava Fulni-ô) – Artesã indígena (SP), Presidente do Conselho Municipal dos Povos Indígenas (São Paulo/SP), membro do Conselho Estadual dos Povos Indígenas (SP), coordenadora cultural da Articulação dos Povos Indígenas (ARPIN-sudeste), membro da Comissão Indígena na Câmara dos Deputados (Brasília).

 

 

 

ORGANIZAÇÃO:

 

José Maurício Arruti (Prof. Dr. PPGAS UNICAMP / CPEI)

Virgínia Borges (CPEI)

Alessandra Traldi (CPEI / Comitê editorial da PROA: revista de antropologia e arte)

Bolsistas PAPI: Amanda Sequeira e Suyanne Bacelar (CPEI)

 

APOIO:

Programa de Pós-Graduação em Antropologia

Secretaria de Eventos do IFCH

FAEPEX – UNICAMP

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