As principais vítimas da violência policial no Brasil são jovens negros e pobres. Número de pessoas mortas pela polícia no país praticamente triplicou entre 2013 e 2018

Foto: Rovena Rosa/Fotos Públicas

O americano George Floyd morreu no dia 25 de maio, vítima da violência policial nos Estados Unidos.

Floyd, que era negro, passou vários minutos imobilizado por um policial branco com os joelhos em seu pescoço, em Minneapolis, no estado de Minnesota, nos Estados Unidos.

No dia 29 de maio, Chauvin foi detido e acusado de homicídio culposo (sem intenção de matar) e assassinato em terceiro grau (quando é considerado que o responsável pela morte atuou de forma irresponsável ou imprudente). O policial já tinha outras 18 ocorrências – a maioria por algum tipo de violência contra pessoas negras.

O assassinato de Floyd gerou uma onda de protestos nos Estados Unidos. Atos contra o racismo foram registrados em mais de 75 cidades. Os manifestantes protestavam principalmente contra o alto número de pessoas negras abordadas pela polícia e a diferença em ser branco e negro nestas abordagens.

No Brasil, a violência policial contra negros também é um problema grave. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019, 75,4% das pessoas mortas pela polícia em todo o país são negras. Negros (pretos e pardos) representam 55% da população brasileira.

Os dados indicam também que as vítimas de intervenções policiais são, na maioria das vezes, jovens. Enquanto jovens até os 29 anos representam 54,8% das vítimas de homicídio no Brasil, esta faixa etária concentra 78,5% das vítimas de intervenções policiais que resultam em morte. 33,6% das vítimas têm entre 20 e 24 anos. Além da cor e da idade, a maioria das vítimas tem outra característica em comum: são pessoas pobres e com pouca escolaridade.

Também chama atenção o fato de a polícia matar cada vez mais pessoas no Brasil. Só entre 2017 e 2018, houve um aumento de cerca de 20% nos casos de mortes provocadas pela polícia. E o Brasil foi de 2.212 mortes do tipo em 2013 para 6.220 em 2018. Ou seja, o número praticamente triplicou no período.

E até mesmo crianças são muitas vezes vítimas fatais de intervenções da polícia em comunidades carentes. Só no estado do Rio de Janeiro, quatro pessoas com 14 anos ou menos foram mortas em operações policiais de maio de 2019 a maio deste ano. O último caso foi do menino João Pedro Matos Pinto, morto a tiros dentro de casa, no complexo de favelas do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio.

Fontes: Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019, Alma PretaG1

Print Friendly, PDF & Email