25 de janeiro de 2019, essa é uma data da qual nunca saímos dela

25/01/2022

Fernanda Perdigão

25 de janeiro de 2019, essa é uma data da qual nunca saímos dela.
Todo dia é dia 25, pois desde lá a vida nunca mais foi a mesma.
Já falamos tantas vezes das violações de direitos cometidas pela empresa Ré Vale S/A, da dor da perda de entes queridos, da contaminação do solo, da água, do ar…
Já denunciamos o descaso do Estado de Minas Gerais, de falas do governador – “está na hora de esquecer Brumadinho”, “não podemos viver o luto pra sempre” – já denunciamos a violência do Estado quando se dispôs a firmar o acordo com a empresa que cometeu e comete crimes contra a humanidade, já denunciamos a ausência dos poderes públicos municipais quanto das garantias constitucionais de dignidade da pessoa humana.
E 3 anos se completam hoje, 3 anos onde o sistema que acoberta a mineração predatória segue sem nenhum pudor, sem nenhuma ética. A mídia filtra a verdade, o estado omite sua responsabilidade, a Vale… haaa a Vale… essa não Vale nada!

Ó Minas Gerais
Quem te conhece não esquece jamais,
Que és destruída pelo capital,
Que suas serra estão comidas pelos monstros atrás de minerais,
Suas águas jorram dor,
Não tem aquele esplendor.
Da lama brota sangue, mercúrio e arsênio,
E a cada chuva temos um transbordamento (rompimento),
A cada sirene um lamento.
Ó Minas Gerais
Quem te conhece não esquece jamais.

Queria um dia sentir de novo a alegria que a partir daquele dia não me pertence mais.
Voltar no tempo em que Mariana sentiu também todo esse drama e, gritar mais alto para ver se os engravatados tivessem tido o pudor e punido com rigor a mesma empresa que hoje causa toda essa dor por toda Bacia do Paraopeba.
Queria ter de novo o rio, a horta, o convívio que era tão bonito nas brumas de Brumadinho.
Queria que os oportunista nessa máquina de falsa reparação tivesse o mínimo de noção do que realmente todos querem!
Queremos reparação, queremos punição, queremos de volta as serras de quando Drummond ainda vivia nessas terras,
O Pico Cauê não sumiu só em Itabira, ele sumiu de toda a vista por várias cidades das Minas que hoje geram ais.

Respeito, dignidade e justiça, para todas essas pessoas atingidas pela máquina de engolir gente, e isso tem que ser urgente!

Fernanda Perdigão
#crimesemfim
#3anosdocrime

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