15 anos após morte do índio Galdino, documentário aborda retomadas de terras indígenas

11/04/2012

15 ANOS APÓS MORTE DO ÍNDIO GALDINO, DOCUMENTÁRIO ABORDA RETOMADAS DE TERRAS INDÍGENAS
 
Enquanto pataxós esperam há 30 anos por julgamento de ação, retomada de terras garante a sustentabilidade da economia local de Pau Brasil
 
O índio Pataxó Hã-hã-hãe Galdino de Jesus dos Santos, em 1997, foi à Brasília com outras lideranças indígenas para reinvidicar a recuperação da Terra Indígena Catarina-Paraguaçu, motivo de ação promovida pela Funai em 1982. Por ter chegado tarde de reuniões, inclusive com a presença do então presidente Fernando Henrique Cardoso, não pôde entrar na pensão onde se hospedara e resolveu dormir num abrigo de ponto de ônibus da capital federal. Jovens da classe média atearam fogo a Galdino, que acabou morrendo por conta das queimaduras. Além dele, desde que o processo pela retomada de terras foi aberto, cerca de 30 lideranças indígenas foram assassinadas sem punição de seus executores. 
 
O documentário "Tudo Ok! Os Índios Pataxó Hã-hã-hãe e o desenvolvimento rural", que será lançado, na próxima quarta (11), no Colégio Estadual da Aldeia Indígena Caramuru em Pau Brasil/BA, atualiza o contexto desta luta, de forma leve e propositiva. O documentário aborda dois temas que estão na espinha dorsal da formação do Brasil: a questão indígena e a luta pela terra. Sem esquecer a luta histórica pela terras indígenas, "Tudo Ok!…" aborda o relacionamento positivo e amigável entre a população local e os índios. Por meio de depoimentos de índios e não-índios, comerciantes e moradores de Pau Brasil, o vídeo vai revelando que os Pataxó Hã-hã-hãe se tornaram fomentadores da economia local, o que não acontecia na época em que as terras eram dominadas por fazendeiros, e ajuda a quebrar preconceito em relação a comunidade indígenas.
 
"Tudo Ok!…" prova que os Pataxós souberam esperar a decisão judicial, que tramita há mais de 30 anos, pela retirada de suas terras não só com a luta pela retomada, mas com a sabedoria do cultivo de terras devastadas e cansadas. O território indígena Caramuru-Catarina Paraguaçu, que abrange os municípios de Camacan, Itaju da Colônia e Pau Brasil, no sul da Bahia, foi criado em 1926, pelo então Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Ao longo do tempo, fazendeiros se apropriaram de terras, inclusive com títulos fundiários concedidos pelo governo do estado da Bahia, no domínio de Antonio Carlos Magalhães (ACM), confinando a população indígena a um território ínfimo. Desde então, os índios lutam para valer o seu direto, e travam um diálogo com o judiciário pela recuperação de suas terras.
 
Com a crise do cacau na década de 90, os fazendeiros começaram a abandonar a região. A partir de 2002, os índios intensificaram o processo de retomada de suas terras, sob o boato de que os municípios da região iam acabar. Depois de 10 anos, as atividades dos Pataxós se tornaram elemento essencial para a sustentabilidade e o crescimento da economia local. "Tudo Ok!…" mostra o reconhecimento da importância dos índios pela população local. Como pano de fundo, ainda demostra a verdade de que o cumprimento da lei, com a devolução das terras aos povos originários, gera um benefício tanto para os índios, como para a sustentabilidade da economia local. De uma tacada só, o documentário quebra preconceitos e vai na raiz de dois problemas que o Brasil não conseguiu resolver desde a sua formação, as questões fundiária e indígena. 
 
Serviço:
Lançamento/Exibição do documentário TUDO OK! OS ÍNDIOS PATAXÓ HÃ-HÃ-HÃE E O DESENVOLVIMENTO RURAL
Local: Colégio Estadual da Aldeia Indígena Caramuru. Pau Brasil/BA
Dia: 11/04/2012
Hora: 18 horas
Preço: Grátis
Classificação livre
 
SINOPSE:
 
À espera da decisão do Supremo Tribunal Federal sobre ação para a retirada de invasores da terra indígena Caramuru-Catarina Paraguaçu, que já dura 30 anos, o município de Pau Brasil, no sul da Bahia, debate o processo de retomada de terras pelos índios Pataxó Hã-hã-hãe. Em reserva criada pelo então Serviço de Proteção aos Índios (SPI), em 1926, fazendeiros se apropriaram de terras, confinando a população indígena a um território ínfimo. Com a crise do cacau, os fazendeiros começaram a abandonar a região e, a partir de 2002, os índios intensificaram o processo de retomada de suas terras, gerando boatos de que os municípios da região iriam se acabar. Depois de 10 anos, os Pataxó Hã-hã-hãe desenvolveram a sua agropecuária em terras devastadas e cansadas, se tornando elemento essencial para a sustentabilidade e o crescimento da economia local. O documentário ajuda a quebrar preconceito em relação a comunidade indígenas.
 
Direção: Fábio Titiá Baenã Hã-hã-hãe e Peter Anton Zoettl
Roteiro: Dr. Edivaldo Pataxó, Fábio Titiá Baenã Hã-hã-hãe, Geraldo Alves, Paulo Rosa Titiá, Peter Anton Zoettl
Câmera: Pitel Thauris Baenã Titiá
Montagem: Fábio Titiá Baenã Hã-hã-hãe, Geraldo Alves, Paulo Rosa Titiá, Peter Anton Zoettl, Wagner Titiá, Yonana Alves
Produção: Cinehãhãhãe, Clube Índios Online Hã-hã-hãe, Thydêwá
Música: Edilson de Jesus de Souza, Fábio Titiá Baenã Hã-hã-hãe, Francielle Silva da Cruz, Maria Madalena Vieira Bastos, Maya Muniz, Willian Trajano da Silva
Gravação de áudio: Sandorval Barros dos Santos
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